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fev 21, 2022

Tragédia em Petrópolis poderia ter sido minimizada com ações políticas

As chuvas que causaram deslizamentos e resultaram em mais de 152 mortos e outros 191 desaparecidos em Petrópolis (RJ) na semana passada são apenas a ponta do iceberg de uma…

As chuvas que causaram deslizamentos e resultaram em mais de 152 mortos e outros 191 desaparecidos em Petrópolis (RJ) na semana passada são apenas a ponta do iceberg de uma tragédia que poderia ter sido evitada. É comum em momentos como esses ouvir autoridades falando em ação da natureza, como se desastres deste tipo não tivessem como ser parados a tempo. Mas no caso específico da cidade fluminense, o conhecimento sobre as áreas de risco em que muitas das vítimas estavam era antigo: desde maio de 2017 a prefeitura tem um estudo sobre as 15.240 moradias com risco de destruição em caso de temporais, sendo que o local onde há um maior número de imóveis com essa característica é justamente um dos mais afetados pelas chuvas da última semana, o Morro da Oficina. “Não adianta saber que aquele morro vai escorregar, mas ninguém agir”, critica Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP e vice-presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. 

Além do estudo, um aviso meteorológico emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) no dia anterior, alertando para o grande volume de precipitação esperado naquela região, foi ignorado pelas autoridades. “O governo do Rio de Janeiro deveria ter evacuado Petrópolis quando recebeu o alerta de risco de desastre. Isso é óbvio”, afirma Artaxo. Na terça-feira (15) choveu em três horas tudo o que era esperado para todo o mês de fevereiro. 

Outro ponto fundamental para a prevenção de desastres dessa magnitude passa pelo fortalecimento da atuação das Defesas Civis. Nem mesmo os sistemas de sirenes instaladas em regiões de risco de Petrópolis foram suficientes para evitar que um grande número de pessoas fosse levada pela água e pela lama que desceu dos morros. “De nada adianta monitorar o risco se a Defesa Civil não for capaz de atuar. As defesas civis brasileiras precisam quadruplicar de tamanho urgentemente”, avalia o físico.

Mudanças climáticas 

Somente neste ano, cidades da Bahia e Minas Gerais sofreram com enchentes semelhantes, que deixara um rastro de destruição e mortes. A ocorrência cada vez mais frequente de tragédias envolvendo eventos climáticos tem uma explicação: as mudanças climáticas estão alterando regimes de chuva, para ficar no exemplo brasileiro, e causando grandes volumes de precipitação em locais onde a geologia não é favorável e não há preparação para esse tipo de problema. “A situação ainda pode piorar, em todo o mundo. Se hoje presenciamos um cenário absurdo, no futuro pode ser muito pior. Lugares como Petrópolis precisam ter isso em mente. Os eventos climáticos que costumeiramente acontecem na cidade, não serão mais exceção e sim a regra. E o governo desses locais precisa melhorar a infraestrutura de forma urgente. É apenas um pedaço do problema ambiental no mundo”, ressaltou Caroline Rocha, gerente de Clima no World Resources Institute (WRI).

Você precisa saber

Monark pede ajuda em entrevista ao New York Times

Um dos mais importantes e conhecidos jornais do mundo, o New York Times abriu espaço para o influencer Bruno Aiub, conhecido como Monark, que, conforme falamos na última newsletter da Rede Lado, se envolveu em uma polêmica ao defender “liberdade de existência para um partido nazista” no Brasil. O ex-apresentador e sócio do Flow Podcast, afastado do programa, pediu ajuda ao jornal estadunidense que o comparou ao antivacinas e negacionista da Covid-19 Joe Rogan, cujo programa no Spotify foi o estopim para que o músico Neil Young pedisse que a plataforma excluísse suas músicas do catálogo. Na entrevista, o brasileiro afirmou não ser nazista, reclamou do excesso de espaço da esquerda radical em comparação com a direita radical no país e se disse “destruído” por defender algo que é constitucional nos Estados Unidos.

Documentário retrata artista travesti e levanta questões sobre estereótipos

Ainda no embalo do Dia da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, o documentário “Bixa Travesty”, disponível na plataforma Globoplay, conta um pouco da história de Linn da Quebrada, participante do Big Brother Brasil 22 onde já levantou diversas vezes o debate sobre questões ligadas ao tema e sobre a qual também falamos aqui na newsletter da Rede Lado há algumas semanas. Cantora, atriz, compositora e ativista social, Lina Pereira dos Santos mostra momentos íntimos no filme que aborda reflexões sobre estereótipos, o questionamento de gênero, feminilidade e masculinidade. “Bixa Travesty” é ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais e conta entrevistas e a participação de diversos artistas queer, como Liniker, Jup do Bairro, Assucena Assucena. 

Análises

ANS: entenda o que é o rol de cobertura obrigatória dos planos de saúde

Por escritório Stamato, Saboya e Rocha Advogados Associados

Com dois anos de atraso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu, em sua mais recente atualização, 15 novos procedimentos médicos e 46 itens relacionados a medicamentos no rol de cobertura obrigatória dos planos de saúde. O artigo fala sobre a importância das mudanças, que incorporaram procedimentos de doenças graves e de alto custo para os pacientes. Continue lendo

Eventos

  • Hoje, 22/2, às 15h30, ocorre o encontro online “Alternativas para o financiamento sindical no Brasil”.
  • Na quarta-feira, 23/2, às 19h30, o “Ciclo incompleto da atividade policial: Herança do século” é tema de evento virtual com a participação de especialistas. 
  • O webinar “Dialética trabalhista: Afastamento da gestante das atividades presenciais” ocorre de graça na quinta-feira, 24/2, a partir das 18h

Dicas culturais

  • Ópera-instalação: até 5/3 é possível assistir online à ópera-instalação Bem no Meio, idealizada pela multiartista Karen Acioly, com música do compositor francês Camille Rocailleux. 
  • Música: Projeto Música no Terraço disponibiliza no YouTube da Casa de Cultura Mario Quintana show da cantora e compositora Nina Nicolaiewsky, gravado ao vivo em janeiro. 
  • Literatura: dia 23/2, às 17h, tem roda de leitura “um dedo de poesia: Lima Barreto”, com interpretação em Libras. 
  • Espetáculo: “Catastrôfe” é um espetáculo da Companhia das Rosas que mistura circo, teatro e bonecos e é narrado sem texto em formato audiovisual e pode ser assistido online. 

Brasileira de 14 anos descobre sete asteroides em programa da Nasa

Olhar para o céu é mais do que um passatempo para a jovem florianopolitana Rosa Maria Miranda. A garota de apenas 14 anos leva o assunto a sério e pode ter descoberto sete novos asteroides ao participar do projeto O Caça Asteroides MCTI, programa em parceria entre o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações e o International Astronomical Search Collaboration (IASC) da Nasa. A estudante é apaixonada por Astronomia e integrante voluntária da iniciativa. Com o incentivo dos pais, a menina começou a se interessar pela Astronomia há alguns anos, passou a estudar e agora quer levar o hobbie para o campo profissional. “Desde criança sempre fui muito ligada à ciência. Comecei a fazer muitos cursos e, inclusive, um dos primeiros foi um de Astronomia e Astronáutica da UFSC, de extensão. Depois, fiz Astrofísica Geral e passei a me envolver em um monte de projetos”, lembra. O programa pelo qual Rosa descobriu os asteroides utiliza uma plataforma da Nasa que fornece imagens captadas por um telescópio da Universidade do Havaí e distribuídas às equipes cadastradas e analisadas pelo software Astrometrica. O processo entre a detecção e a confirmação da descoberta do asteroide pode levar de 6 a 10 anos. Depois disso, se confirmado o feito, Rosa poderá dar nomes aos corpos celestes que identificou. “Eu adoro esse assunto e quero muito seguir profissionalmente em uma área ligada ao setor aeroespacial. Acho que [esta área] pode trazer várias contribuições para sociedade”, projeta a garota.