Assim como nem tudo que reluz é ouro, nem todo perfil em rede social com milhares de seguidores engajados é, realmente, o que parece ser. Isso porque, muitas daquelas pessoas que curtem e até comentam as publicações não são exatamente… pessoas reais. Também não são robôs, mas fazem parte de uma prática cada vez mais comum na rede: a fazenda de cliques.
O objetivo é conseguir o tão desejado engajamento nas redes e, com isso, maior credibilidade para produtos, serviços e até pessoas. O esquema funciona assim: uma empresa, político, influenciador ou qualquer um que deseje “bombar” suas redes procura por uma plataforma de “microtrabalho”, “trabalho fantasma” ou “trabalho de clique”. Nela, paga para adquirir seguidores, curtidas e comentários para suas páginas em redes sociais como YouTube, Instagram e TikTok. E o preço não é nada inalcançável: com cerca de 170 reais é possível obter 2.000 seguidores “reais”, ou seja, há pessoas de verdade por trás desse trabalho.
Alguns desses trabalhadores chegam a ter até 200 contas falsas ao mesmo tempo, em diversos aparelhos de celular ou computadores, para burlar as regras das próprias redes sociais que tentam barrar os perfis “fake”. A indústria é tão bem organizada, que empregados e plataformas já dão dicas de como essas contas devem ser para parecerem mais reais, como “ter nome brasileiro”, por exemplo.
Se as plataformas não cobram caro, por consequência, os trabalhadores por trás das máquinas também não recebem grandes somas por sua mão de obra. Sem regulamentação, a atividade paga centavos pelas tarefas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo professor Rafael Grohman na Universidade do Vale do Rio dos Sinos junto à Universidade de Cambridge, já há debates sobre a prática, comparada com a uberização do trabalho, no que diz respeito à busca por melhores condições de trabalho a quem opera nestas plataformas, e políticas públicas de regulamentação.
Problema ético
Se a questão fosse “só” enganar os usuários reais e fazê-los pensar que determinada pessoa ou empresa é realmente séria e merece sua atenção – e, talvez, seu dinheiro – talvez não seria tão sério. O problema da prática das fazendas de cliques é ético: elas são potenciais espalhadoras de notícias falsas, as famosas fake news. Pesquisas realizadas na Indonésia e nas Filipinas, por exemplo, revelaram “um verdadeiro chão de fábrica do ódio”.
No Brasil, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News investiga uma possível rede de disseminação de notícias falsas. Em princípio, o foco eram as informações inverídicas espalhadas durante as Eleições de 2018, mas a prática continua viva e, atualmente, trata de assuntos como a eficácia das vacinas contra o coronavírus e a existência de “tratamentos precoces”. No momento, as investigações estão paralisadas e, de acordo com integrantes da Comissão no Congresso Nacional, dificilmente voltarão à pauta antes do final da CPI da Pandemia, em andamento no Senado.
Você precisa saber
Eduardo Bolsonaro é condenado a indenizar jornalista da Folha de S. Paulo
Não foi dessa vez que o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro se livrou de pagar indenização a uma jornalista por danos morais. Eduardo Bolsonaro foi condenado pela 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) que, além de negar o recurso do deputado, aumentou o montante do pagamento de 30 para 35 mil reais.
Em maio de 2020, Eduardo afirmou em transmissão do canal Terça Livre, no YouTube, que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, “tentava seduzir” as fontes a fim de “obter informações que fossem prejudiciais ao presidente Jair Bolsonaro”. Não satisfeito, 03 ainda publicou as afirmações em suas redes sociais.
O juiz responsável pela decisão anterior, em janeiro, afastou a imunidade parlamentar do filho de Bolsonaro, pois as ofensas teriam sido praticadas “sem qualquer relação com o mandato em exercício”. Para o magistrado, as acusações ofendem a honra da jornalista, “posto que o requerido lhe imputou, falsamente, (a) a prática de fake news e, via consequência, a conquista de uma promoção no trabalho e (b) que teria se insinuado sexualmente para obter informações do seu interesse”. Além disso, ele considera que as publicações ultrapassam limites do direito do outro, ofendendo a honra da jornalista e “colocando em dúvida, inclusive, a seriedade do seu trabalho jornalístico e de sua empregadora”.
Loja de departamento é condenada a indenizar trabalhadora por racismo
As Lojas Renner S.A foram condenadas a pagar 100 mil reais de indenização por danos morais a uma trabalhadora que alega ter sofrido ataques racistas que a levaram a desenvolver um transtorno psiquiátrico. A juíza do trabalho Glaucia Alves Gomes, da 7ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, entendeu que ficou configurada a doença ocupacional e a omissão da empresa diante do ocorrido.
Em 2018 a empregada exercia a função de fiscal de loja em um shopping do Rio de Janeiro quando foi chamada de “negra filha da puta”, “crioula” e ainda ameaçada de morte por uma colega com o mesmo cargo que ela. A vítima apresentou testemunhas na ação e ainda alegou que teve rasurada sua reclamação registrada no livro de registro da empresa.
Em vez de punição, a agressora teria sido “presenteada” com uma transferência que ela mesma havia solicitado para uma loja mais perto de sua casa. Além disso, a empresa impugnou o laudo pericial elaborado por uma médica nomeada pelo juízo que constatou a relação entre a doença diagnosticada e o ambiente de trabalho.
“Ver sua algoz premiada com uma transferência para um local de seu interesse, vê-la dispensada do trabalho sem qualquer punição seja no dia da agressão, seja nos dias posteriores, certamente atentaram contra sua dignidade e integridade psíquica”, observou a juíza. “Além disso, o seu relato, a expressão da sua dor, o seu clamor por ajuda e reparação foram objeto de rasura no livro de ocorrência, como se o episódio pudesse ser apagado, modificado, omitido (pelo menos da vida da loja parece ter sido…)”, complementou. Ainda cabe recurso da decisão.
Análises
Entenda a regra para se aposentar pelo INSS
A Reforma da Previdência entrou em vigor no fim de 2019 e trouxe consigo diversas dúvidas a respeito da aposentadoria para Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Este texto, em formato de manual, explica quem é atingido pela nova legislação, o período de carência para aposentadoria, as regras para se aposentar pelo INSS e a aposentadoria por idade para homens e mulheres. Trata, ainda, sobre a aposentadoria por tempo de contribuição, o fator previdenciário, a regra de transição e seus pedágios, a regra de aposentadoria por pontos progressiva, entre outros. Continue lendo
Etarismo e Tecnologia: desafios da Era Digital
Por Rede Lado
Com a inclusão da “velhice” como doença na nova edição de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID11), documento proposto pela Organização Mundial da Saúde, as pessoas com mais de 60 anos serão consideradas “doentes” a partir do próximo ano. Isso num momento em que, no Brasil, 43% desse público está tendo de voltar ao mercado de trabalho para complementar a renda familiar, afetada pela crise econômica. A carga de preconceito contra idosos, chamado de etarismo, se soma à aplicação da tecnologia entre os fatores que dificultam a reinserção dessa parcela da população entre os economicamente ativos em um mercado onde, cada vez mais, se procura por empregados “multitarefas”. Continue lendo
Antes de sair…
Eventos
- Amanhã, das 9h às 18h, tem Encontro Nacional de Comissões da Verdade e da Escravidão Negra com transmissão no Youtube.
- Na quinta-feira, 30/9, rola o webinar de lançamento da edição 151 da Revista do Advogado. Precisa se inscrever.
- Também no dia 30/9 às 19h, a consultora jurídica Cíntia Falcão debate sobre Evolução do sistema financeiro nacional.
- Dia 1º/10, às 9h30, tem webinar sobre O uso do Seguro Garantia com cláusula de retomada na Nova Lei de Licitações.
- Também na sexta-feira, 1º/10, às 12h, tem Conferência Latino-americana de Inteligência Artificial e Proteção de Dados, online.
Dicas culturais
- Ocupação: em homenagem ao centenário do filósofo, escritor e educador Paulo Freire, o Itaú Cultural promove atividades online semanais até 5/12.
- Música: Elza Soares e Ney Matogrosso fazem coro pela causa indígena em música produzida pelo Jazz Botânico, de DJ MAM e Rodrigo Sha.
- Exposição: “Entre Terras e Oceanos: Múltiplas Vozes Femininas” é uma mostra online com debates sobre produções femininas de poetas do “Triângulo Atlântico”, com obras inspiradas em autoras africanas, americanas e europeias.
Jogo GTA oferece dinheiro virtual para gamers vacinados contra Covid-19
Para incentivar a vacinação entre os jovens, em especial aqueles na faixa dos 17 aos 25 anos, o servidor Brasil Capital do game de computador Grand Theft Auto (GTA) está dando 100 mil reais dentro do jogo para os gamers que publicarem uma foto com a carteirinha de vacinação. O dinheiro do jogo, claro, não pode ser sacado ou usado na vida real, servindo apenas no ambiente virtual do game.
O resultado tem surpreendido os criadores, que em uma semana receberam 100 imagens de jogadores com seus comprovantes de vacinação contra a Covid em dia. Atualmente, o servidor conta com média de 350 a 400 players simultâneos e ultrapassa 20 mil cadastrados.
“A gente tem muito esse lance de incentivar os nossos players a se engajarem em ações que consideramos importantes e, como no estado de São Paulo a vacinação para pessoas de 17, 18 anos havia começado, pensamos em lançar um incentivo para a galera se imunizar”, explica o streamer e empresário Vinicius Augusto Del Rio, um dos criadores do Brasil Capital.
Produzido em parceria com o Grupo Matinal Jornalismo
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Enviado por Rede Lado
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