Ontem (08), a modelo Kathlen Romeu foi baleada em ação policial em Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro. Pouco tempo antes do ocorrido, ela havia postado em suas redes sociais: ‘Bom dia, neném’, se referindo ao filho que ainda gestava.
Morta aos 24 anos, Kathlen publicava em seu Instagram os receios e as felicidades na descoberta da maternidade. De acordo com a jornalista do El País Cecilia Olliveira, o bairro da tragédia é um dos poucos onde ainda há Unidade de Polícia Pacificados, as UPPs. Depois da morte de Kathlen, moradores saíram às ruas do bairro para protestar, pedir justiça pelo assassinato da modelo e pelo fim das mortes de pessoas negras e faveladas.
De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, nos últimos 5 anos, 15 grávidas foram baleadas no Rio de Janeiro. Outras 7 mulheres não resistiram e vieram à óbito, além de Kathlen. Houve 10 bebês baleados quando ainda estavam no ventre de suas mães, somente um sobreviveu.
Mesmo com a ADPF 635, que restringe ações policiais em favelas durante a pandemia, estabelecida principalmente após a morte do menino João Pedro, o número de tiroteios com vítimas se mantém estável, mesmo com 30% a menos de pessoas baleadas.
Há um ano, nos Estados Unidos e em todo o mundo, a população ia às ruas pedindo justiça por George Floyd e afirmando que ‘Black Lives Matter’ (Vidas Negras Importam). A população negra é a que mais morre no Brasil, seja de Covid, de bala ou de fome. ‘Black Lives’ continuam importando. Justiça por Kathlen Romeu.
Fonte: El País, G1, Folha de S. Paulo
Foto: Divulgação/Instagram