Até 2030, 170 milhões de novos empregos devem ser gerados no planeta e 92 milhões de outras ocupações deixarão de existir. Os números, divulgados no “Relatório sobre o futuro dos empregos” de 2025, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, trazem um desafio: como os países irão se preparar para a chamada “revolução da requalificação”.
Essa questão surge quando se avalia que a melhor parte dos 78 milhões de novos trabalhos que surgirão nos próximos anos, aqueles que pagam mais, são menos extenuantes e têm maior proteção social, serão disponibilizados pelos países que conseguirem qualificar melhor e continuamente sua força de trabalho. Para isso precisarão investir na diminuição da desigualdade socioeconômica, e isto impacta diretamente o Brasil.
De acordo com o Relatório, os novos empregos serão gerados pelas tendências mundiais em transformação, como tecnologia, economia, demografia e a transição verde. Entre as funções que crescerão mais rapidamente estão aquelas ligadas à área de tecnologia, dados e Inteligência Artificial, que demandam habilidades técnicas específicas. Em outra ponta, também crescerá a demanda para funções básicas da economia, como motoristas de entrega, cuidadores, educadores e trabalhadores rurais.
“Para se destacar, o trabalhador precisará dominar o pensamento analítico, ser resiliente e flexível, além de abraçar a tecnologia. Competências como o uso de inteligência artificial, análise de big data e cibersegurança estarão no centro das novas exigências”, avalia Marco Marcelino, especialista em inteligência de dados voltada a estratégias de marketing e metodologias multiplataformas em comunicação.
De acordo com a “Análise sobre tendências e transformações no mundo do trabalho para o período de 2025-2030” da Fundação Dom Cabral, o Brasil tem como principal barreira para a transformação dos negócios a falta de habilidades e dificuldades na formação básica dos trabalhadores (em especial, para conhecimentos gerais em matemática, português e inglês, por exemplo). “Os governos e empresas precisam colaborar para criar políticas que não apenas impulsionem o crescimento econômico, mas também promovam um mercado de trabalho resiliente e inclusivo. O investimento em habilidades tecnológicas e a promoção de ambientes de trabalho flexíveis serão cruciais para garantir que as nações possam competir e prosperar em um mundo em constante mudança. No Brasil, o foco em requalificação e transformação digital será essencial para enfrentar os desafios e aproveitar as novas oportunidades de emprego”, destaca o texto.
Funções em ascensão e em declínio
Entre as 15 funções que estarão em crescimento nos próximos cinco anos destacam-se os especialistas em Big Data, seguidos pelos Engenheiros de Fintech e especialistas em IA e Machine Learning. Especialistas em Gestão de Segurança e em Armazenamento de Dados também estarão em ascensão no mercado.
Na outra ponta, entre os empregos que devem cair vertiginosamente estão os de funcionários de serviços postais, caixas bancários e relacionados, operadores de entrada de dados, caixas e atendentes, assistentes administrativos e secretários, entre outros.
Você precisa saber
Comerciante é condenado a pagar 1 milhão de reais de indenização por trabalho infantil e assédio sexual contra adolescentes – Um comerciante, dono de uma lanchonete em Água Doce do Norte (ES), foi condenado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 17ª Região ao pagamento de 1 milhão de reais pela prática de trabalho infantil e de violência ou assédio sexual. O crime foi cometido contra adolescentes com idades entre 13 e 17 anos que trabalhavam no estabelecimento do condenado e eram submetidas a assédio e abuso sexual, descobertos após denúncia recebida pela Ouvidoria Nacional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos por meio do Disque 100. Ficou comprovada a violação dos direitos de personalidade e da dignidade humana das vítimas, causando danos psicológicos profundos e traumas. O homem já havia sido preso anteriormente por estupro de vunerável e satisfação de lascívia em relação a duas crianças. Além da indenização, o comerciante foi proibido de contratar ou manter a seu serviço empregados com idade inferior a 16 anos. O Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo (MPT-ES) ainda compartilhou todos os elementos probatórios colhidos no inquérito civil com o Ministério Público Estadual, de modo a auxiliar no andamento do inquérito policial contra o homem.
Fim da cidadania a filhos de imigrantes ilegais nascidos nos Estados Unidos é questionado por procuradores – Uma das diversas medidas polêmicas do segundo mandato do presidente Donald Trump, tomada ainda no primeiro dia em que ele ocupou a Casa Branca, a negativa de cidadania a filhos de imigrantes ilegais nascidos nos Estados Unidos está na mira de procuradores-gerais de 18 estados. Os magistrados acionaram a Justiça Federal argumentando que, além de ser contrária à Constituição do país, o decreto é extremo e radical. “Os presidentes são poderosos, mas ele não é um rei. Ele não pode reescrever a Constituição com um toque de caneta”, afirmou Matthew J. Platkin, procurador-geral de Nova Jersey. Diversas associações civis também ajuizaram uma medida na Justiça norte-americana contra a medida. A ordem executiva intitulada “Protegendo o Significado e o Valor da Cidadania Americana” redefine a interpretação da Cláusula de Cidadania da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos e estabelece que não serão considerados cidadãos americanos ao nascer indivíduos nascidos em duas situações: quando a mãe estava ilegalmente presente no país e o pai não era cidadão americano nem residente permanente legal no momento do nascimento; ou quando a mãe estava nos Estados Unidos em status temporário (visto de estudante, trabalho, turismo, etc) e o pai não era cidadão americano nem residente permanente legal no momento do nascimento. A nova regra passa a valer em 19 de fevereiro de 2025.
Análises
Benefícios da flexibilização para os trabalhadores
Por CCM Advogados
Artigo explica os benefícios resultantes da flexibilização da jornada de trabalho para empregados e empregadores. Continue lendo
Antes de sair…
Eventos
- “IA no Direito: Ferramentas, Governança e Perspectivas para o Futuro” é tema de evento online que ocorre no dia 28/1, das 9h às 12h30.
- Nos dias 28, 29 e 30/1, a partir das 19h, formação online de Controladoria Jurídica vai ajudar advogados, gestores e profissionais a aprimorarem a gestão estratégica de escritórios e departamentos jurídicos.
- Aula online aborda avanços do ordenamento jurídico brasileiro na proteção aos direitos da população LGBTI+, no dia 29/1, das 10h às 11h30.
Dicas culturais
- Cinema: filme “Sebastian” acompanha aspirante a escritor que adota identidade secreta para criar romance sobre o submundo dos profissionais masculinos do sexo.
- Literatura: reflexões sobre lembranças e vivências de uma mulher gorda são o foco do livro “Infinita” (Autêntica), de Camila Maccari.
- Música: trilha do indicado ao Oscar “Ainda Estou Aqui”, música “É preciso dar um jeito, meu amigo”, de Erasmo Carlos, é um convite para ouvir o álbum “Carlos, Erasmo”, de 1971.
L’Oréal lança projeto para combater o racismo em ambientes de luxo
De olho numa fatia do mercado que vem crescendo, mas ainda é alvo de preconceito, o Grupo L’Oréal, de produtos de beleza, criou um projeto que pretende combater o racismo em ambientes de luxo e aumentar a inclusão no mercado. A ideia surgiu a partir do resultado de uma pesquisa que mostrou que nove em cada dez consumidores pretos já sofreu preconceito em estabelecimentos de luxo. “Desenvolvemos o Afroluxo com o propósito de transformar o mercado de luxo no Brasil, que é majoritariamente branco, onde o negro é raramente visto como consumidor target, embora ele seja. Hoje, mais de 40% do público que consome exclusivamente fragrâncias importadas no Brasil é negro. Nesse sentido, o Afroluxo é um passo importante para quebrar o silêncio sobre o racismo no setor e já nasce com a visão de que o futuro do luxo no Brasil é negro”, explica Bianca Ferreira, head de Comunicação, Advocacy & Influência, Sustentabilidade, Diversidade & Inclusão e Eventos da L’Oréal Luxo. De acordo com a pesquisa que baseia o projeto da empresa, 91% dos participantes relataram ter sofrido racismo em lojas de luxo, dos quais 74% afirmaram terem sentido que estavam sendo vigiados; 57% teriam sido questionados se tinham condição de pagar pelos produtos; e 55% tiveram a sensação de olhares julgadores. Entre as ações previstas pela L’Oréal, estão o aumento da oferta de produtos para pessoas de pele preta, auditorias anuais nas lojas com viés racial e treinamento antirracista para os empregados e a criação do Pacto Afroluxo de Enfrentamento ao Racismo para, a partir de uma coalizão, engajar o varejo e a indústria sobre a pauta racial.