Idosos LGBTQIA+ sentem reflexos de uma vida de preconceito no mercado de trabalho | Rede Lado

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jun 17, 2025

Idosos LGBTQIA+ sentem reflexos de uma vida de preconceito no mercado de trabalho

Se ao longo de toda a vida as pessoas LGBTQIA+ já precisam lidar com o preconceito, que influencia a inserção no mercado de trabalho, é na velhice que esses desafios…

Se ao longo de toda a vida as pessoas LGBTQIA+ já precisam lidar com o preconceito, que influencia a inserção no mercado de trabalho, é na velhice que esses desafios se somam à necessidade de cuidados especiais devido à idade. Muitos acabam invisibilizados, sem emprego formal e sozinhos, o que leva a casos extremos de suicídio ou situação de rua.

“O mercado de trabalho para a população LGBTQIA+ tem algumas particularidades, como não absorver pessoas trans. Há discriminação contra gays mais afeminados, lésbicas mais masculinizadas e, especialmente, contra pessoas trans, que enfrentam barreiras enormes para conseguir um trabalho. Se a pessoa tem mais de 50, 60 anos, tudo é ainda pior”, afirma o secretário nacional de Políticas LGBTQIA+ da CUT Walmir Siqueira. “Muitos acham que as pessoas da comunidade LGBTQIA+ simplesmente ficam na prostituição ou subempregos. A gente quer tirar a população dessas condições de trabalho, dar dignidade a quem enfrenta o etarismo, garantir que essa pessoa possa ter um futuro decente”, explica, completando que esse desafio deve envolver toda a sociedade.

Os dados confirmam o que o dirigente diz. De acordo com o Datafolha, 15,5 milhões de brasileiros pertencem à comunidade LGBTQIA+, ou seja, 7% da população. Mas essa parcela ocupa apenas 4,5% dos postos de trabalho. Se forem consideradas as pessoas trans, os números são ainda mais baixos: nem 0,5% delas estão nas vagas de emprego. Essa dificuldade acaba empurrando as pessoas para o caminho da prostituição como forma de garantir sua sobrevivência, afetando 90% dessa população, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra).

E essas pessoas não estão empregadas por um motivo em especial: o preconceito. De acordo com estudo do Center for Talent Innovation, 33% das empresas existentes no Brasil não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia, e 41% dos funcionários LGBTQIA+ afirmam já terem sofrido algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho. Outra pesquisa realizada pela empresa de consultoria Santo Caos, constatou, ainda, que 61% dos funcionários LGBTs no Brasil escolhem esconder de colegas e gestores a sua orientação sexual por receio de represálias e possíveis demissões.

Em 2024, por exemplo, apenas uma em cada quatro pessoas da comunidade LGBTQIAP+ conseguiu um emprego formal com carteira assinada. A informação foi levantada pelo estudo Inclusão Econômica e Geração de Renda da População LGBTQIA+ no Brasil: Desafios, Iniciativas e Financiamentos, realizado de outubro de 2023 a março de 2024 pelo Fundo Positivo, organização de saúde preventiva, em parceria com o Instituto Matizes.

Para tentar melhorar essa situação, em abril deste ano, representantes de coletivos LGBTQIA+, incluindo pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais entregaram à chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Anatalina Lourenço da Silva, a Carta de Brasília. O documento contém propostas de políticas públicas voltadas para ampliar o acesso da população LGBTQIA+ ao mundo do trabalho.

Marcha Nacional

Para aumentar a visibilidade do tema na sociedade, a CUT realizará, no próximo dia 20 de junho, em São Paulo, a 1ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora LGBTQIA+, com foco na união entre a luta sindical e os direitos da população LGBTQIA+, especialmente os idosos. O evento reivindica inclusão nos censos, acesso à previdência, políticas públicas de saúde mental e combate ao etarismo e à LGBTfobia. A marcha integra o mês do orgulho LGBTQIA+ de 2025, celebrado em junho, que tem como tema central a valorização da memória, resistência e envelhecimento digno da comunidade.

Você precisa saber

Greve dos professores em Salvador é considerada ilegal pelo STF – O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o pedido do Sindicato dos Professores da Bahia (APLB) para reverter a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) que declarou ilegal a greve dos professores de Salvador (BA). A deliberação considerou que o movimento foi deflagrado sem cumprir requisitos legais, como o aviso prévio de 72 horas exigido para serviços essenciais. Toffoli argumentou, ainda, que a APLB tentou utilizar indevidamente a via da reclamação para contestar decisões judiciais — o que não é permitido pela legislação —, que o TJ-BA baseou-se em lei aplicada por analogia aos servidores públicos e que a prefeitura ainda negociava com a categoria no momento da paralisação. A decisão autorizou o corte de ponto dos grevistas e prevê sanções como multa diária de 100 mil reais e bloqueio de repasses ao sindicato caso a greve seja mantida. O centro do impasse é a reivindicação pelo pagamento do piso nacional do magistério, de 4.867 reais para 40 horas semanais, que a APLB defende ser calculado apenas sobre o vencimento base. O sindicato afirma que muitos professores recebem abaixo disso, mesmo com doutorado. Já a prefeitura alega cumprir o piso ao considerar gratificações no cálculo total, enquanto o STF ainda deverá se pronunciar definitivamente sobre o tema.

Empresa de telemarketing é proibida de praticar assédio eleitoral no Pará – A empresa TSJ Contact Center LTDA foi impedida pela 14ª Vara do Trabalho de Belém (PA), que acatou pedido de tutela de urgência feito pelo Ministério Público do Trabalho PA-AP (MPT), de realizar manifestações políticas no ambiente de trabalho e tentar persuadir os trabalhadores a votarem em determinado candidato. Também está proibida de questionar o voto dos empregados ou exigir informações acerca de seções e zonas eleitorais, locais de votação e demais dados desse tipo. A empresa também não deverá tentar impedir a realização de fiscalizações por parte do Ministério Público do Trabalho. Todas essas proibições tiveram origem em um inquérito civil do MPT que investigou casos de assédio eleitoral ocorridos em 2024, durante as eleições municipais. Diversos trabalhadores relataram e comprovaram a tentativa da empresa de induzir seus votos. Ainda durante a investigação, a TSJ Contact Center tentou obstruir o trabalho da fiscalização do MPT. Caso descumpra alguma das medidas, a empresa estará sujeita a multa de 5 mil reais  por obrigação descumprida e por trabalhador afetado; além de 10 mil reais em caso de nova tentativa de impedir a fiscalização do MPT.

Análises

O desafio da inclusão real das pessoas com deficiência no Brasil

Por Mauro Menezes & Advogados

No Brasil, 14,4 milhões de pessoas com 2 anos ou mais têm algum tipo de deficiência, ou seja, 7,3% da população. O artigo fala sobre a importância das políticas públicas inclusivas e sobre a diferença entre deficiência e incapacidade permanente para o trabalho. Continuar lendo

Antes de sair…

Eventos

  • “Reclamação Trabalhista e IA: Aspectos normativos e práticos” é tema de aula on-line no dia 17/6, das 10h às 11h30.
  • Webinar discute integração entre programas de compliance e mecanismos eficazes de gestão de riscos no dia 17/6, às 10h.

Dicas culturais

  • Documentário: estreou na última quinta-feira, Dia dos Namorados, o filme “Eros”, de Rachel Daisy Ellis, que investiga o universo dos motéis.
  • Documentário 2: filme “Cazuza – Boas novas”, de Nilo Romero, mostra a luta do cantor e compositor carioca para deixar legado para a posteridade.
  • Música: Gilberto Gil e Samuel Rosa se unem para regravação de “Vamos Fugir”, música importante na carreira de ambos os cantores.

Cão da raça Golden é “contratado” como Diretor de Felicidade em statup indiana

Denver é o novo Diretor da startup Harvesting Robotics, especializada em tecnologia sustentável, localizada em Hyderabad, na Índia. Sua função: fazer os colegas felizes. O “funcionário” é nada menos do que um cão da raça golden retriever e, no cargo de Diretor de Felicidade, tem a incumbência de deixar o ambiente de trabalho mais leve e feliz. Além de ganhar cafunés, ele tem a missão de visitar os colegas, promover pausas mais relaxantes e monitorar o clima emocional da equipe e, se algo estiver errado, correr para ajudar. Denver está presente até mesmo nas reuniões, onde pode convidar alguém para brincar a qualquer momento. É claro que, quando está cansado, ele tem o direito de dormir no seu cantinho, na maior paz. Especialistas garantem que ter um pet no ambiente de trabalho ajuda a reduzir o estresse e melhora a produtividade.