Depois de mais de dois anos em trabalho remoto ou híbrido, parte dos brasileiros parece ter se acostumado – e gostado – do regime em home-office. Esta figura entre as possíveis explicações do recorde no número de demissões registrado em março de 2022. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados (Caged), mais de 603 mil trabalhadores, ou 33% do total de desligamentos, pediram para sair de seus empregos.
E os números dos meses anteriores apontam que os dados não são um caso isolado, mas configuram uma tendência: em janeiro foram 544,5 mil pedidos de demissão e em fevereiro, 560,2 mil. Entre os setores que puxam os índices para cima estão alimentação; funções administrativas e serviços complementares; informação e comunicação; e atividades profissionais, científicas ou técnicas. Aqueles que se demitem, em sua maioria, são os trabalhadores com maior nível de escolaridade.
Além da notada preferência pelas colocações que oferecem a opção do trabalho remoto ou híbrido, em que o trabalhador não se preocupa com deslocamento em tempos de transportes públicos precários e gasolina custando quase 8 reais por litro, está ainda o fato de que esses trabalhadores, agora, procuram voltar a exercer atividades mais condizentes com suas habilidades, ainda que a economia siga fraca e o desemprego em altos índices. Isso porque, em muitos casos, a pandemia e a escassez de vagas os obrigou, lá atrás, a aceitar “o que viesse” para manter as contas em dia.
“A gente tem que lembrar que no começo da pandemia muita gente acabou aceitando emprego que não tinha afinidade com suas formações. Agora os efeitos da pandemia estão cada vez menores no mercado de trabalho e tem muita gente que acaba se demitindo para acabar se admitindo em outro lugar em profissões mais condizentes com suas qualificações”, explica Bruno Imaizumi, responsável pela pesquisa.
Movimento dos Sem Direitos
Enquanto isso, aqueles que seguem em funções menos estáveis, como os informais, buscam se organizar para garantir seus direitos. Foi o que ocorreu no último dia 4 de maio, quando trabalhadores e trabalhadoras fundaram o Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos em ato na frente do Teatro Municipal de São Paulo. A ideia é defender e organizar entregadores, motoristas de aplicativos, diaristas, camelôs e outras categorias não só em São Paulo, mas também em outros estados nos quais já há adesões ao movimento, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. De acordo com o dirigente da iniciativa, Severino Alves, o Movimento irá cobrar os governos municipais, estaduais e federal por uma proteção contínua aos trabalhadores. “O capital se estabelece através dos avanços tecnológicos, que são bem-vindos, mas se utilizam desses avanços para obter mais lucros”, afirmou. “Vamos para cima nessa perspectiva das empresas também. Faremos levantes, paralisações, breques, o que precisar”.
Você precisa saber
Deputados aprovam MP do trabalho voluntário que prevê emprego sem carteira assinada
Não conformado com a derrota no Senado em 2021, o governo de Jair Bolsonaro encaminhou uma nova Medida Provisória que cria o Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário e, entre outros pontos, possibilita a realização de cursos de qualificação e trabalho temporário em prefeituras sem carteira assinada para jovens e para trabalhadores acima dos 50 anos. A MP nº 1099/2022 foi aprovada na Câmara dos Deputados e é alvo de críticas por parte da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de juízes do trabalho. “É um absurdo o governo requentar uma medida provisória por não aceitar a derrota. Eles insistem em precarizar as relações de trabalho, não dando nenhuma garantia social, como previdência e outros direitos, e ainda quer que o trabalhador ganhe menos do que o salário mínimo” [hoje, de 1.212 reais], diz o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Nacional, Valeir Ertle. De acordo com a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), a MP é inconstitucional. Entidades civis ligadas ao movimento sindical e à justiça do trabalho já estão se articulando para que a MP seja rejeitada novamente pelo Senado Federal.
Mortes violentas de pessoas LGBTI+ no Brasil subiram 33,3% em um ano
A face mais perversa da LGBTI+fobia é a violência que essa parcela da população sofre. No Brasil, em um ano (2021), pelo menos 316 mortes violentas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo, que formam a sigla, foram registradas. Isso significa 33,3% a mais do que o ano anterior. Os dados são do Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+. Os números podem ser ainda maiores, pois há subnotificação de casos do tipo no Brasil e há ausência de dados oficiais do governo. Do total de mortes, 262 foram casos de homicídio (82,91%), 26 suicídios (8,23%), 23 latrocínios (7,28%) e 5 por outros motivos (1,58%). Os grupos que sofreram mais violência, reunindo 90,5% dos casos, foram os homens gays (45,89%) e as travestis e mulheres trans (44,62%). As vítimas tinham idades entre 13 e 67 anos, mas a maior parte delas se concentra na faixa dos 20 aos 29 anos. De acordo com as entidades envolvidas na pesquisa, o resultado “evidencia possíveis danos causados pela LGBTIfobia estrutural, que impacta significativamente a saúde mental das pessoas, podendo levar a intenso sofrimento ou mesmo à retirada da própria vida por pessoas em situação de vulnerabilidade”.
Análises
A necessidade de repensar o papel da justiça trabalhista num Brasil em cólera
Por Luiz Eduardo Martins Fleck, do escritório Mello & Zilli, para Rede Lado
O texto faz um breve histórico do surgimento dos direitos trabalhistas a partir da luta de operários em Chicago (EUA), no ano de 1886, por melhores condições de trabalho. Ressalta, ainda, a importância da justiça trabalhista para garantir o acesso dos trabalhadores aos seus direitos, especialmente no Brasil, um dos líderes mundiais em doenças decorrentes das condições laborais. Continue lendo
Eventos
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Hoje, às 10h, tem o webinar “Concorrência em plataforma digitais: Fusões conglomeradas” com debates a respeito das fusões que envolvem empresas com áreas de atuação sem relações verticais ou horizontais.
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Na quarta, 18/5, das 9h às 12h30, o evento “Justiça Climática em Debate” ocorre de forma presencial e com transmissão em tempo real pelo canal da OAB Nacional no Youtube.
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Também no dia 18/5, às 14h, o webinar “IRENA – World Energy Transitions Outlook, de 2022” fala sobre esforços para tentar limitar o aumento da temperatura global até 2050.
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“Direito Penal Econômico: Prova penal e novas tecnologias” é tema de encontro virtual também em 18/5, às 18h.
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Na próxima segunda-feira, 23/5, às 10h, o webinar “Tributação no ambiente digital” aborda mudanças da sociedade a partir das transformações do ambiente digital.
Dicas culturais
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Literatura: no dia 18/5, o projeto Roda de Leitura, em formato virtual, homenageia a obra do escritor João Anzanello Carrascoza.
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Música: de 19 a 22/5, a cantora paulista Mônica Salmaso presta uma homenagem ao sambista carioca Wilson Batista (1913-1968) na Sala Itaú Cultural, em SP. No dia 20, o show terá transmissão ao vivo no YouTube.
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Cinema: está prevista para 14/7 a estreia de “Elvis”, filme dirigido por Baz Luhrmann, sobre a relação do rei do rock e do Coronel Tom Parker.
Cachorro salva casal de idosos de incêndio na Bahia
Um verdadeiro herói. É assim que a família do casal Aline e Ivaldo Ferreira Lustoza, de 82 e 86 anos, respectivamente, está chamando o cachorro de estimação Bob. Ele foi responsável por buscar ajuda quando a casa dos idosos pegou fogo na madrugada do dia 9 de maio, em Feira de Santana, na Bahia. “Eu estava dormindo de sono solto, a tomada do ventilador estourou e pegou fogo”, disse Aline. Rapidamente, o fogo se espalhou e destruiu a casa onde, além do casal, também estava a enfermeira Luciene que cuida dos dois e foi responsável por chamar os Bombeiros depois que Bob a acordou. “Pegamos água, tentamos apagar, mas o fogo já estava embaixo do colchão, porque a cama é box. Então apagava por fora e as chamas continuavam por debaixo sem a gente a ver”. Sem conseguir vencer as chamas, a enfermeira levou Ivaldo, que é acamado, no colo para fora da casa. “Estou emocionada, graças a Bob e a Luciene, que carregou meu pai no braço, e chamou a minha mãe, e salvou eles do fogo. A cama de minha mãe estava pegando fogo quando ele latiu”, disse a filha do casal Ivaline.