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maio 7, 2024

Procurador publica livro sobre experiência de ser Uber por quatro meses na Bahia

Procurador do Ministério Público do Trabalho, com passagens pela advocacia e auditoria fiscal do trabalho, Ilan Fonseca precisava sentir na pele o que é trabalhar como Uber para aprofundar seu…

Procurador do Ministério Público do Trabalho, com passagens pela advocacia e auditoria fiscal do trabalho, Ilan Fonseca precisava sentir na pele o que é trabalhar como Uber para aprofundar seu conhecimento sobre como é a comunicação entre plataforma e motoristas e o quanto estes têm realmente o poder de decisão. Para isso, tirou uma licença de quatro meses e foi trabalhar dirigindo pelas ruas de Salvador, na Bahia, e agora conta a experiência no livro “Dirigindo Uber – A Subordinação Jurídica na Atividade de um Motorista de Aplicativo”.

“Não tive, em nenhuma ocasião, a sensação de ser meu próprio chefe”, resume Fonseca, que passou mais de 350 horas logado na plataforma entre dezembro de 2021 e março de 2022.

Ainda que realmente exista uma flexibilidade no que diz respeito aos horários e pausas, com a possibilidade, por exemplo, de ir levar um familiar ao médico ou o filho à escola no meio do “expediente”, Fonseca diz que a “subordinação do motorista” é muito maior do que se imagina. “Além de todas as obrigações que um motorista de aplicativo deve seguir, os deveres dos trabalhadores da plataforma vêm também expressos em mensagens individualizadas diárias enviadas através do aplicativo, explicitando-se que o descumprimento dessas regras implica desativação e desligamento, diz sobre o esquema de “contrato em pedaços” que rege a relação entre trabalhadores e plataforma.

Ao final da pesquisa, o procurador diz defender que exista uma regulamentação da relação de trabalho da categoria, uma vez que a Uber atualmente já define regras que nem sempre são claras para os prestadores de serviço. “É importante ouvir esses trabalhadores. Hoje, eles não querem [ser enquadrados na] CLT, porque eles imaginam que a CLT vai estrangular essa dinâmica de trabalho”, explica. “O que não estão percebendo é que pela leitura simples dos termos de uso da plataforma, isso pode ser alterado a qualquer momento”, completa.

Projeto de Lei será votado em junho

Aprovado no último mês de março como resultado de acordo no Grupo de Trabalho Tripartite formado por representantes dos trabalhadores, das empresas e do Governo Federal, que desde maio de 2023 discute o tema sob coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Projeto de Lei Complementar que regulamenta o trabalho por aplicativo de transportes deve ser votado em junho pela Câmara.

O documento está estruturado em quatro eixos: segurança e saúde, remuneração, previdência e transparência. Entre as novas regras estão o pagamento de 32,09 reais por hora trabalhada e remuneração de, pelo menos, um salário mínimo; além de contribuição de 7,5% ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A jornada de trabalho em uma mesma plataforma também não poderá ser superior a 12 horas diárias, bastando o trabalhador realizar 8 horas por dia para ter direito ao piso nacional.

Você precisa saber

Presidente sanciona lei que corrige tabela do IR e define trabalho decente para domésticas – Na esteira do Dia do Trabalhador, em 1º de maio o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou leis que beneficiam os trabalhadores, como a correção da tabela de Imposto de Renda, isentando quem recebe até dois salários mínimos (2840 reais) e, ainda, a legislação que promulga o convênio e recomendação sobre o trabalho decente para trabalhadores e trabalhadoras domésticas. As assinaturas ocorreram durante ato em São Paulo. “Minha palavra continua em pé. A partir de hoje, quem ganha 2.864 reais paga zero de imposto de renda e nós vamos chegar aos 5 mil reais”, garantiu o presidente. Segundo ele, uma segunda fase da reforma tributária irá também isentar impostos sobre 15 tipos de alimentos e diminuir 60% da carga sobre outros e também sobre medicamentos. Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que participou do ato, os primeiros três meses de 2024 tiveram a geração de 34% a mais de vagas de emprego em relação ao mesmo período do ano passado. O ministro ainda ressaltou que 50 mil empresas enviaram relatórios sobre a lei da igualdade salarial entre homens e mulheres e 208 se recusaram.

Sob manifestações, privatização da Sabesp é aprovada por vereadores paulistanos – Os vereadores da cidade de São Paulo (SP) aprovaram na última quinta-feira (2) o projeto de lei que permite a privatização da Sabesp, empresa responsável pela gestão de água e saneamento. Novamente, a sessão foi marcada por manifestações a favor e contra a medida. O equilíbrio nas falas favoráveis (15) e contrárias (16) à privatização durante a sessão no plenário não reflete, no entanto, a opinião da população, que, em sua maioria, é contrária à medida. De acordo com pesquisa realizada pela Quaest, 52% dos eleitores do estado de São Paulo não querem a transferência do controle acionário da empresa — e 36% são a favor; na capital, são 61% contra e 29% a favor. Os votos dos vereadores ficam ainda mais distantes da vontade popular: 37 foram favoráveis e 17 contrários ao PL. O texto aprovado altera o acordo entre prefeitura e Sabesp, que segundo legislação de 2009 previa contratos “automaticamente extintos se o Estado vier a transferir o controle acionário da Sabesp à iniciativa privada”. Os deputados paulistas já haviam aprovado a privatização da empresa em dezembro de 2023. Para que a transação seja viável, no entanto, os vereadores paulistanos precisavam fazer a alteração na lei, uma vez que a cidade de São Paulo é responsável por 46% do faturamento da empresa. Cerca de uma hora depois da decisão dos vereadores, o prefeito Ricardo Nunes sancionou o texto em edição extra do Diário Oficial.

Análises

Diferenças entre Acidente de Trabalho, Doença Ocupacional e Doença Profissional

Por Amanda de Abreu e Silva Loureiro, do escritório AVM Advogados

Acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e doenças profissionais são problemas comuns que afetam a saúde e a segurança dos trabalhadores. O artigo aborda as diferentes características de cada uma dessas condições que podem ser prevenidas com algumas medidas no ambiente laboral. Continue lendo

Antes de sair…

Eventos

  • Formação híbrida sobre entrevista investigativa no processo do trabalho: Contribuições da psicologia do testemunho para a audiência trabalhista ocorre no dia 8/5, das 18h às 21h.
  • Evento online aborda a lei de igualdade salarial e para além dela no dia 9/5, das 9h às 12h30.
  • Congresso de Direitos Humanos reúne especialistas, ativistas, líderes sociais e o público em geral nos dias 13 e 14/5, com transmissão ao vivo.

Dicas culturais

  • Cinema: filme “Plano 75” é o representante japonês no Oscar 2023 e fala sobre plano para conter o envelhecimento da população que consiste em se inscrever para eutanásia em troca de dinheiro.
  • Show: depois de Madonna, é a vez de Bruno Mars voltar ao Brasil para uma série de quatro apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília no mês de outubro.
  • Música: chega nesta semana aos aplicativos de música uma nova versão do single “Para Lennon e McCartney” na voz da imortal Elis Regina.

Jovem maranhense é a primeira Promotora de Justiça quilombola do país

Karoline Bezerra Maia é uma jovem duplamente pioneira: primeira da família a ingressar e concluir uma faculdade, a maranhense também se tornou a primeira Promotora de Justiça quilombola do país. Ela nasceu na comunidade de Jataí, em Monção, no Maranhão, e dividiu o tempo entre trabalho, estudos e a preparação para um concurso público. Os pais, mesmo analfabetos, sempre investiram na educação de Karoline, que tomou para si a tarefa de buscar igualdade e justiça social para os que vivem em situação de vulnerabilidade, atuando na área dos direitos humanos. Mesmo com a morte do pai, ela não desistiu dos sonhos e, recentemente, foi aprovada no concurso do Ministério Público do Pará. “Essa nomeação não apenas reconhece sua competência profissional, mas também representa um avanço significativo na representatividade e na inclusão dentro do sistema jurídico brasileiro”, disse a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) em comunicado.