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Depois de décadas de queda, desigualdade volta a crescer entre brasileiros

Só mesmo em um país com tanta desigualdade como o Brasil uma notícia dessas é possível: enquanto milhares amargam a fome e procuram comida na xepa da feira ou do açougue para alimentar a família, outros fazem fila para comprar jatinhos. Sim, representantes do ramo garantem que há, em 2021, duas vezes mais pessoas interessadas em adquirir helicópteros e jatinhos, alguns dispostos a pagar até 20% a mais para não ter que esperar. Na outra ponta desse quadro contrastante estão 14,4 milhões de desempregados que engordam as piores estatísticas registradas nos últimos 30 anos: quase 20 milhões de brasileiros e brasileiras estão em situação de insegurança alimentar.

O índice de Gini, que mede a desigualdade em todo o mundo, comprova a impressão que temos no dia a dia: o Brasil subiu de 88,2 para 90 pontos neste ano. Quanto mais próximo de 100, mais desigual é o país. Atualmente, o 1% mais rico concentra nada menos do que 49,6% de toda riqueza, colocando o Brasil entre os dez mais desiguais do mundo.

De acordo com uma pesquisa do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de dados internacionais do Gallup World Poll, a pandemia aumentou ainda mais o fosso entre ricos e pobres no país. Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, já diz o conhecimento popular, as faixas mais pobres foram as que mais sentiram a deterioração social. “A pandemia é um choque global que afeta o dia a dia do mundo inteiro. Mas, no Brasil, a administração e o gerenciamento das áreas de saúde, educação e meio ambiente foram piores. Por isso, tivemos um resultado abaixo da média”, diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social. Ou seja, não é só na economia e no mercado de trabalho que os efeitos colaterais de meses de ausência de políticas públicas efetivas são sentidos.

A tendência vai na contramão do que vinha ocorrendo nas duas décadas anteriores, segundo dados de estudos feitos por economistas do Insper. A desigualdade havia caído no país entre os anos de 2002 e 2015, voltando a aumentar em 2016 e 2017, mas ainda em um patamar inferior ao fim dos anos 1990. O trabalho mostra que, no período, todas as fatias da população adulta brasileira situadas abaixo dos 29% mais ricos tiveram crescimento em suas rendas anuais acima da média nacional de 3%.

Mas como não se vive de passado, o que resta agora é buscar alternativas para ajudar os mais pobres a reverter a situação atual. No entanto, em vez de ampliar e intensificar programas de transferência de renda, o atual governo acabou com o Bolsa Família, programa referência mundial no combate à pobreza, e criou o Auxílio Brasil, que deve ser pago em novembro. O substituto vem cercado de incertezas quanto à manutenção da cifra anunciada e até mesmo de sua continuidade após o ano eleitoral. Segundo dados do Ministério da Economia, 14,6 milhões de famílias brasileiras eram atendidas pelo Bolsa Família.

Na contramão

Diferentemente do Brasil, a estimativa é de que a pobreza caia no mundo em 2021, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, segue acima do que foi projetado como meta, antes da pandemia se alastrar e deixar sua marca nas finanças dos governos. “O número de pessoas na pobreza ainda é projetado para ser entre 65 milhões e 75 milhões mais alto do que (o projetado) antes da pandemia”, diz o relatório da instituição.

Economistas do Fundo afirmam que “políticas fiscais ágeis e agressivas permanecem sendo cruciais para conter o impacto das ondas da pandemia sobre famílias e negócios, e para facilitar a recuperação e transformação econômica”. O relatório mostra que em países avançados essas medidas já estão acontecendo para recuperar a economia, contrastando com o que ocorre nos emergentes, de baixa renda e em desenvolvimento, como o Brasil, onde a recuperação esbarra no “baixo acesso a vacinas e menor espaço para apoio fiscal”.

Você precisa saber

Fiscais encontram 116 trabalhadores em condições análogas à escravidão em Goiás

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel, ligado à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), flagrou 116 trabalhadores em situação análoga à escravidão em uma fazenda da Souza Paiol em Água Frias de Goiás (GO). A empresa é uma das maiores fabricantes de cigarros de palha do Brasil e obrigava os funcionários a iniciarem a jornada às 5h e só pararem para comer a primeira refeição do dia às 11h.

Além disso, eles não tinham direitos trabalhistas nem equipamentos de proteção individual e eram mantidos em alojamentos sem estrutura. A lista de abusos, segundo relatos dos próprios trabalhadores, inclui ainda a cobrança pelo uso das facas para separar espigas da palha, da pedra que a amolava e até das fitas que os empregados usavam para proteger as mãos.

Quase metade dos trabalhadores brasileiros sofrem de distúrbios psicológicos na volta ao trabalho presencial

Depois da pandemia de Covid-19 um já esperado efeito colateral dos meses de isolamento começa a dar as caras: mais de 33 milhões de brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout, segundo a Associação Internacional de Gestão do Estresse (Isma, na sigla em inglês). Além disso, dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que 47,3% dos trabalhadores no país foram afetados por sintomas que vão da depressão à ansiedade.

E os números tendem a aumentar ao longo dos próximos meses. O problema atinge pessoas em todo o mundo, pois os trabalhadores e trabalhadoras precisam agora passar por uma nova adaptação que é voltar ao ambiente laboral. Entre outros fatores estão ainda o baixo poder de decisão sobre as tarefas no ambiente de trabalho e condições precárias para exercer as funções.

Em alguns casos, empregados simplesmente se recusaram a voltar ao escritório. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostra que 44% preferem seguir trabalhando de casa.

Análises

José Eymard Loguercio e a defesa dos direitos achados na rua

Por Rede Lado

O artigo destaca a biografia do advogado mineiro José Eymard Loguercio, sócio da LBS Advogados. O texto relembra desde a descoberta da vocação para o Direito, na juventude e por influência do atual sócio Eduardo Surian Matias, até momentos que definiram o perfil do profissional. Dentre esses marcos, quando ainda estagiário, participou de uma greve de trabalhadores que garantiram seus direitos após acamparem por dois meses, e presenciou a retirada da guarda de uma criança motivada pela pobreza dos pais, episódios que despertaram sua consciência para a luta de classes. Continue lendo

ADI nº 5.625: STF declara a constitucionalidade da Lei do Salão Parceiro

Por Antonio Fernando Megale Lopes e Ricardo Quintas Carneiro, do escritório LBS Advogados

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.625, em que se discute a validade da chamada Lei do Salão Parceiro. O texto prevê que manicures, barbeiros, depiladores, entre outros trabalhadores que atuam no ramo estético não sejam contratados como empregados, mas como parceiros, sem direitos trabalhistas. O artigo analisa a decisão e os reflexos dela no mercado que, em vez de ampliar suas vagas, precarizou as relações de trabalho no setor. Continue lendo

Antes de sair…

Eventos

  • Amanhã, às 19h, o webinar Oportunidades Legais para a Advocacia do Amanhã debate direito, tecnologia, inovação, proteção de dados, novos mercados e iniciativas ESG.
  • Na quinta-feira (11), às 10h, o Instituto de Estudos Estratégicos de Tecnologia e Ciclo de Numerário promove o encontro virtual “O Papel das Associações em Relações Governamentais”.
  • Também no dia 11/11, às 14h, o evento online “Transparência e Cidadania Fiscal na América Latina” debate uma abordagem a partir da perspectiva do contribuinte.

Dicas culturais

  • Música: Ney Matogrosso lançou novo álbum. “Nu Com a Minha Música” é resultado do distanciamento social vivido durante a pandemia.
  • Cinema: mistura de documentário e teatro, o longa-metragem “Conceição em nós” está disponível online até 23/11.
  • Dança: até 14/11 a mostra online Dança agora: Movendo tempos e trajetórias tem apresentações de artistas de todo o país, conversas e aulas.
  • Websérie: “Da Borges ao Porto Seco – A Incrível História dos Baluartes do Samba em Ano de Pandemia” estreou no último dia 25/10 no YouTube e terá 24 episódios.

Cachorrinha vira entregadora após ser resgatada por motoboy em São Paulo

Adorável até no nome, Ruby Fofa é a mais nova sensação das redes sociais, mas já é conhecida pelos motoboys paulistanos há oito anos. A cadelinha adotada pelo entregador Miguel Pereira sobe na moto junto com seu humano preferido pelas ruas de São Paulo, para ajudar nos deliverys.

Os vídeos em que ela aparece na garupa da moto reuniram uma legião de fãs: são 150 mil seguidores no Tik Tok e outros 40 mil no Instagram. Miguel conta que encontrou Ruby machucada embaixo de seu carro e, mesmo tentando deixá-la morar com sua namorada, a cadelinha sempre fugia e ia ao encontro dele. A paixão do animal pela motocicleta – onde só anda protegida por capacete, óculos, roupa e até mochilinha personalizada – começou com pequenos passeios e foi crescendo até o ponto em que Miguel não podia se aproximar do veículo para ela já pular no banco à espera de uma voltinha.

Além da linda relação entre o tutor e Ruby Fofa, a adoção da cadelinha deu origem ao projeto Saquinho Mata a Fome, com o qual o entregador arrecada doações para entregar todos os meses de 20 a 25 quilos de ração para ajudar famílias de baixa renda a alimentarem seus pets.

José Eymard Loguercio e a defesa dos Direitos achados na Rua

Mineiro, de Monte Santo de Minas, a vida de advogado de José Eymard Loguercio começou “do nada”. No colegial, escolheu as biológicas como matérias principais, porém, afeiçoava-se aos escritos e às matérias de humanidades. “Eu achava que seria jornalista, tinha quase certeza, “afirma.  Fez teste vocacional com uma psicóloga e não deu outra: jornalismo. Entretanto, Eymard teve influência de um amigo de longa data, que ainda o acompanha: Eduardo Surian Matias. Hoje, os dois são sócios da LBS Advogados. Por algum tempo durante a juventude, um pouco antes de decidir qual curso fazer, Eymard teve uma proximidade grande com a família de Eduardo e o amigo já fazia Direito, por isso e também pensando em um futuro profissional que pudesse juntar a leitura com a carreira, Eymard escolheu o Direito.

“Eu lembro que a psicóloga que fez meu teste vocacional ficou furiosa quando eu disse que iria fazer Direito.” Entrou no curso da PUC – Campinas em 1983 e, no mesmo ano, tornou-se bancário para conseguir pagar as despesas da faculdade. Logo no começo, Eymard lembra de um professor de Introdução ao Estudo do Direito que o despertou para as teorias do Direito Crítico. “Aquele professor me ajudou a enxergar uma doutrina para além dos códigos, além do que, fui estudante em um período bem politizado, então isso também corroborou. Ele me ajudou a entender que eu poderia ser um advogado que encontrasse um outro caminho, para além das leis, “conta.

Assim como vários advogados e advogadas da Lado, Eymard também participou do movimento estudantil, fazendo com que ele tivesse ainda mais ligado aos movimentos sociais e políticos daquele momento. “Eu me lembro de ter ido ao Encontro Nacional dos Estudantes de Direito (ENED) em Niterói, logo no final de 1983 e neste encontro comecei a estudar um pouco mais sobre as teorias do Direito em que os movimentos sociais são peças-chave.” Eymard conta que outros estudantes do Brasil todo, que hoje também compõem a Lado, estavam lá. A partir do encontro, Eymard começou a se interessar mais e mais pelos movimentos sociais e também pela teoria do ‘Direito achado na Rua’- institucionalizada em 1986 pela UnB.

“O professor Roberto Lyra Filho fez uma palestra neste ENED sobre a perspectiva teórica e prática do ‘Direito achado na Rua’. Logo que eu voltei do encontro, um colega mais velho que também cursava Direito, avisou a mim e ao Eduardo que havia aberto edital para estagiários no Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas. Inscrevemos no fim do ano e conseguimos a vaga para começar a estagiar em 1984”. Eymard pediu demissão no banco para poder ser estagiário. O advogado conta que foi esse conjunto de fatores que o fez pensar sobre a defesa dos trabalhadores.

Antes da Constituição, os estagiários faziam audiências assim como advogados formados: “Na época, a gente era contratado pelo sindicato como empregados, não como estagiários. Eu nem estava no período formal para estagiar. Mas depois que entrei no mundo sindical, nunca mais o deixei,” relembra.

Com a experiência nos estágios já garantida, logo depois que se formou, Eymard começou a advogar para outros sindicatos e decidiu abrir o primeiro escritório. Logo que começou, achou melhor se desvincular dos sindicatos em que era assessor e ficar somente dedicado ao novo negócio. Essa movimentação coincidiu com a abertura do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas em 1987.

“Como saí dos sindicatos e o TRT de Campinas havia acabado de ser inaugurado, comecei a fazer uma atuação forte no Tribunal, o que, profissionalmente foi muito importante. Passei a ocupar a tribuna e acompanhar processos logo que me formei. Isso não é comum para um recém formado. Esse momento foi crucial para a minha experiência como advogado,” conta Eymard.

Eymard e Eduardo estão juntos desde a primeira formação do escritório de advogados em 1987. Nilo chegou em 91. Em 2013 seguiram com suas equipes, sócias e sócios de Brasília e Campinas, como LBS Sociedade de Advogados, mantendo os laços de amizade, companheirismo e parceria com a maioria dos escritórios que, posteriormente, viriam a constituir a Rede Lado.

Em 1992, Eymard se mudou para Brasília para trabalhar diretamente no Tribunal Superior do Trabalho. “Quando eu cheguei em Brasília para trabalhar no TST, deparei-me com uma atuação até que familiar, concentrada. Vim acompanhar processos de sindicatos de bancários, filiados à CNB,  que hoje conhecemos como Contraf/CUT e atuar nos Tribunais em Brasília para muitos sindicatos de outras categorias. Não havia internet na época, então eu pegava o Diário Oficial de todas as publicações, selecionava vários processos, olhava, estudava os recursos, os agravos…Fui devagar, olhando os processos de cima a baixo, analisando os problemas dessa forma. Foi assim que fui criando experiência.”

Momentos marcantes

“Ainda estagiário, participei de uma greve em que uma empresa demitiu 200 trabalhadores e não havia instrumentos para defesa coletiva. A maioria com filhos e eles foram demitidos por justa causa, logo após uma greve. Estes trabalhadores acamparam no sindicato para conseguir reverter a demissão e fazer com que a empresa os pagasse. O movimento acabou depois de dois meses, junto da intervenção do Ministério do Trabalho. A empresa fez um acordo para pagamento, mas manteve as dispensas. Foi a primeira vez que me envolvi num caso assim”, conta.

Também recorda que acompanhou e organizou a primeira visita de um presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho para um diálogo dos trabalhadores com o Tribunal. “O presidente da CUT era o Jair Meneghelli e o Presidente do Tribunal era o Ministro Orlando Teixeira da Costa. O Jair foi recebido quase como chefe de Estado. E me lembro de uma funcionária do gabinete ter dito a ele: – nossa, o senhor é muito mais simpático pessoalmente do que pela TV, que está sempre com cara de enfesado”. Em relação a processos, lembra o da substituição processual em que atuou ferrenhamente, no qual o STF consagrou a tese da substituição ampla e outro foi a tese em que o Supremo definiu a competência da Justiça do Trabalho nos casos de julgamento de interdito proibitório.

Mas, curiosamente, o caso que Eymard afirma ter sido mais marcante não foi na área trabalhista, mas sim, na área do Direito de Família.  Eymard era ainda um jovem advogado e foi procurado por uma assistente social que queria assessoria em um caso de uma família em que uma das duas filhas havia sido levada dos pais em uma decisão de destituição de pátrio poder. O advogado foi ao fórum conversar com o casal, que o pai era trabalhador em uma olaria, a mãe uma dona de casa e moravam na área rural. Ambos analfabetos.

Os pais levaram a filha ao hospital para cuidados médicos e a enfermeira disse aos dois que eles não poderiam continuar criando a criança mais jovem, pois eles não tinham condições. Um oficial de justiça buscou a menina mais nova e a tirou da família para ser adotada. “Eu entrei com a procuração para ver o que poderia ocorrer e o curioso é que não havia comprovação de maus tratos. O fundamento da destituição de pátrio poder era simples: pobreza. Somente. A mãe cuidava muito bem das filhas e frequentemente as levava ao posto de saúde para tratamentos rotineiros, além de que, mesmo pobres, o pai trabalhava e eles também recebiam doações.” Eymard entrou com a contestação e enquanto isso a criança ficou temporariamente sob os cuidados de outra família. O advogado conta que o procurador afirmou que nunca havia tido uma contestação dessas e Eymard respondeu: “eu nunca imaginei que poderia ter tido outro processo como este.”

Depois de vários depoimentos, perícias, audiências, o juiz autorizou uma visita da menina que estava afastada para ver os pais biológicos. “Quando os pais viram como a filha mais nova estava com roupas mais caras, eles quiseram ir embora. Ali, vi a luta de classes de forma bruta. Eu jamais imaginava que viveria isso. Eu não fui da teoria para a prática da consciência de classe, mas o contrário. Este foi um dos casos que ajudou a abrir meus olhos.” O juiz acabou não promovendo a destituição de pátrio poder, mas também não determinou a devolução da criança aos pais biológicos.

Lado e Lado

Sobre os colegas que também são da Lado, Eymard garante que a atuação dos advogados e advogadas, junto da premissa da defesa dos direitos sociais, faz com que a coletividade gere movimentos importantes. “Nós vimos que era importante nós termos uma sinergia para enfrentarmos o presente que é tão desafiador. Nossa formação é parecida, e também a ética de atuação que compreende o Direito como um processo de luta e como atuação estratégica para enfrentar a realidade,” consolida.

Eymard relembra que ele e os colegas de sua geração que começaram no Direito durante a redemocratização, não tiveram os recursos, a qualidade normativa e as ferramentas jurídicas que temos hoje, mas isso também fez com que eles lutassem para que fosse possível. “Nós vislumbramos uma coisa muito bonita na época, que foi a entrada na Democracia. Aprendi que algumas coisas na vida são fundamentais: a formação é uma delas – investir em um conhecimento que tenha lado-, pois há altos e baixos na profissão. A advocacia combativa é isso, saber que atuamos em um universo de conflitos, então, se há ataques aos direitos das mulheres, das pessoas negras, dos trabalhadores e, por outro lado, se você tem consciência que atua na defesa destes direitos, somos fortalecidos em rede, pois aí é a nossa hora de mostrarmos que podemos construir e sair em defesa, já que fizemos isso muito antes de alguns direitos estarem na lei,” finaliza.

Desigualdade: fila para compra de jatinhos aumenta no Brasil, assim como a fila do desemprego

Durante a pandemia, a fila para comprar helicópteros e jatinhos aumentou até duas vezes, tanto novos, quanto usados. Representantes do ramo afirmam que clientes que não querem esperar, pagam até 20% a mais por aeronaves usadas. A maioria dos compradores é do agronegócio.  

Em 2021, o número de bilionários brasileiros cresceu de 45 para 65. Em contrapartida, o Brasil passa pela maior crise de desemprego em 30 anos, são cerca de 14,4 milhões de pessoas desempregadas no país. Além do que, há, também, o aumento da fome. Quase 20 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar. 

De acordo com o índice Gini (índice que mede a desigualdade no mundo), o Brasil subiu o número de 88,2 para 89 em 2021. Quanto mais próximo de 10, mais desigual é o país. Este foi o maior aumento em duas décadas. De acordo com o relatório do banco Credit Suisse, o 1% mais rico do Brasil, concentrou 49,6% de toda a riqueza nacional. O Brasil está entre os dez países mais desigual do mundo.