Direitos Sociais | Rede Lado

Jogadores têm o direito de não disputar a ‘Copa Covid’

O futebol brasileiro sempre esteve poluído por uma classe dirigente conservadora, reacionária, envolvida em denúncias de negócios obscuros, autoritarismos, assédios, troca de favores. Dirigentes afastados, presos, respondendo processos por assédio moral ou sexual, por desvio de dinheiro, por sonegação fiscal. O exame da lista dos ex-presidentes da CBF – Confederação Brasileira de Futebol – é a demonstração deste comportamento endêmico que trata o futebol como um grande balcão de negócios, negócios deles, é claro, em que o tráfico de influências é moeda corrente.

É, eu sei que isto não é privilégio do futebol brasileiro. Pelo mundo todo, este comportamento que mistura autoritarismo, tráfico de poder, dinheiro e ausência de uma fiscalização eficaz, determina afastamentos de dirigentes em nível nacional e mundial.

Ou seja, não somos uma ilha de corrupção no mar da ética. Esta é uma verdade que não se pode omitir.

Outro elemento de reflexão é que o futebol é um ambiente de muita subalternidade. Os protagonistas do esporte, normalmente, são extremamente subordinados a uma situação de dependência dos clubes e federações, são normalmente pessoas muito vulneráveis do ponto de vista social e que desde cedo, nas categorias de base dos clubes, aprendem que a subalternidade é um elemento de sobrevivência. O jogador de futebol não se vê como o protagonista do grande espetáculo, explorado por uma máquina que faz dinheiro que é recheada de engrenagens com caminhos obscuros que ele não conhece, não sabe como enfrentar. Por isto, o caminho da subalternidade é o caminho da resiliência em um ambiente extremamente agressivo. Dificilmente se vê tanta submissão em um ambiente de trabalho.

Se um servente da construção civil entende que a ordem dada pelo jovem engenheiro não é adequada para a construção de uma parede, não tenham dúvida de que o servente da construção civil vai debater sobre a ordem dada. Se uma caixa de um banco entende que a organização dos critérios de atendimento determinado pelo gerente está prejudicando o seu trabalho e de seus colegas no Banco, não tenham dúvida de que ela vai discutir a ordem dada. Isto é comum em qualquer ambiente de trabalho. Faz parte de qualquer ambiente de trabalho. Chama-se de alteridade. No futebol esta não é uma prática comum, eu diria até que é uma prática muito rara, especialmente no futebol brasileiro. Os protagonistas do negócio futebol se comportam no mais das vezes como trabalhadores sem opinião, atentos ao que está acontecendo em sua volta, mas sempre procurando não externar sua opinião, não argumentar com um treinador ou com um dirigente.

Eles sabem que no ambiente do futebol, ter uma opinião sobre o jogo que seja contrária ao entendimento do treinador ou uma opinião sobre a vida política ou social do país fere a regra da subalternidade. E eles sabem que violar a regra da subordinação a qualquer preço pode trazer muitos incômodos.

Tá bem. Tá tudo muito bem. Mas, o que nós temos com isto? Por que estamos falando sobre futebol, subalternidade, posicionamento sobre a vida? Porque na semana passada, os jogadores da seleção brasileira de futebol e toda a comissão técnica da seleção quebraram a regra da subalternidade. Em alto e bom som, os jogadores brasileiros e a comissão técnica afirmaram que não querem jogar a Copa América e não querem que a Copa América seja jogada no Brasil. Só isto já criou um grande debate nacional. Como assim, eles não querem jogar a Copa América no Brasil? Como assim eles estão se insubordinando?

Como assim estes trabalhadores querem se posicionar? A gravidade da situação do COVID e a ausência de qualquer importância em uma competição sem qualquer relação afetiva com o torcedor deixaram o caminho para que os protagonistas do negócio futebol se posicionassem. Eles não querem jogar a Copa América. Eles não querem que a Copa América seja jogada no Brasil. É a opinião deles. Eles têm direito de ter esta opinião. Eles não querem jogar a Copa Covid. Eles sabem que temos 500 mil torcedores mortos durante a pandemia. Eles não querem sujar seus pés neste campo de sangue.  Eles querem respeitar os nossos mortos. Esperamos que eles caminhem em direção à história, esperamos que eles estejam construindo um marco de resistência. Esperamos que eles estejam sendo o servente de pedreiro ou a caixa de banco.

 

ANTÔNIO VICENTE MARTINS, advogado, gremista, sócio do escritório Antônio Vicente Martins Advogados Associados, integrante da Rede Lado;

NASSER AHMAD ALLAN, advogado, atleticano-pr, sócio do escritório Gonçalves, Auache, Salvador, Allan & Mendonça, integrante da Rede Lado;

EDUARDO SURIAN MATIAS, advogado, pontepretano, sócio do escritório Loguercio Beiro e Surian Sociedade de Advogados, integrante da Rede Lado;

Texto divulgada na Carta Capital – dia 07 de junho de 2021 

O país do futebol, da CPI e da Covid

Na falta de pão, vamos de circo. Se não consegue resolver o caos econômico e sanitário no qual nos meteu até o pescoço, o governo Bolsonaro teve a brilhante ideia de apoiar a vinda da edição de 2021 da Copa América ao país, após a competição ser recusada por Colômbia e Argentina. A mudança de sede causou mal estar e revolta entre os jogadores que, ainda que se alinhem em sua maioria à ideologia do “capitão”, temem pela repercussão e cobranças dos fãs nas redes sociais em relação à realização do torneio em momento nada oportuno. Tite não confirma nem a participação no torneio. Além dos brasileiros, outros astros do futebol sul-americano já demonstraram descontentamento com a realização da competição.

Como nem toda polêmica parece ser suficiente para a atual gestão federal, outra situação controversa teve Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como peças centrais. Após o general da ativa participar de ato político ao lado do chefe do Executivo, atitude vedada pela legislação militar, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, decidiu pelo arquivamento do processo que visava a punição de Pazuello por subir em um trio elétrico e discursar em apoio a Bolsonaro após uma “motociata” ocorrida no Rio de Janeiro no último dia 23.

Muito além de uma questão de hierarquia, a atitude do Exército de colocar panos quentes sobre o assunto representa um perigo à democracia, avaliam especialistas. “Quando essa força de última instância deixa de ser uma força de Estado e passa a ser de governo, de governante, isso é muito grave para o país. Hoje, ele (Bolsonaro) provou que é o Exército”, avalia o ex-ministro da Defesa Celso Amorim.

Esse plano muito bem pensado de demonstração de força – em que Bolsonaro parece ter provado que realmente quem manda é ele, inclusive no Exército – é apenas mais um passo no sentido do desmantelamento das instituições, intenção demonstrada por atitudes tomadas pelo presidente desde o início de seu mandato. Após a intensa campanha para desmoralizar os ministros do Supremo, agora o alvo parecem ser as Forças Armadas. “Mais um movimento coerente com a conduta do Presidente da República e com seu projeto pessoal de poder”, disse o general e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, Carlos Alberto Santos Cruz. O militar que se diz envergonhado pela absolvição de Pazuello.

Com a escalada na politização dentro dos quartéis, abre-se precedente para outras atitudes que afrontem a hierarquia e a obrigação do Exército em seguir a Constituição. “Se houver uma situação no Brasil similar ao que foi a invasão do Capitólio, você não tem a quem recorrer. É uma situação em que não apenas a integridade das Forças Armadas é ameaçada, mas a integridade das instituições democráticas. É muito grave”, ponderou Amorim.

CPI e vacinas

A semana que passou foi movimentada também dentro do Senado, onde os parlamentares seguem as sabatinas aos depoentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A bola da vez foi a comentadíssima participação da médica oncologista Nise Yamaguchi, mais conhecida por ser uma das conselheiras de Bolsonaro na gestão da pandemia. Defensora declarada do “tratamento precoce”, como uso da dupla cloroquina e hidroxicloroquina, Yamaguchi rendeu memes, constrangimentos variados e pérolas em uma situação que serviu mais para demonstrar o quilate dos “especialistas” ouvidos pelo presidente do que para a investigação a que se propõe a Comissão.

Se Yamaguchi não deu uma resposta assertiva quando perguntada a respeito de sua opinião sobre as vacinas contra Covid, ao menos o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, parece estar atrás de soluções com comprovação científica para abreviar o sofrimento da população que há quase um ano e três meses tem sua vida profundamente afetada com o “novo” mundo que a Covid nos trouxe. De acordo com o chefe da pasta, o governo federal conseguiu antecipar a entrega de 3 milhões de doses da vacina da Janssen para este mês. O acordo firmado com a farmacêutica prevê que, no total, 38 milhões de doses cheguem ao país nos próximos meses.

Além disso, uma decisão da Anvisa na última sexta-feira (4) autorizou a importação de doses das vacinas Covaxin e Sputnik em caráter excepcional e temporário, com limitação para o uso dos imunizantes a 1% da população de cada Estado que apresentou o pedido de importação, no caso da vacina russa, e 1% da população do país, no caso da indiana, entre outros pontos colocados como condicionantes para a autorização.

Você precisa saber

Governo é denunciado à Organização Mundial do Trabalho por violações trabalhistas

Durante a abertura virtual da 109ª Conferência da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que discute as aplicações das normas da entidade no contexto do enfrentamento à pandemia da Covid-19, o secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antonio Lisboa, usou seu discurso para denunciar uma série de violações que o governo de Jair Bolsonaro vem cometendo contra os direitos de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Entre os pontos abordados por Lisboa estão as perseguições reiteradas a sindicalistas e a intensificação das violações às normas da OIT – como as convenções 98 e 154, que tratam do fomento às negociações coletivas e ao direito de sindicalização, respectivamente.

O representante da CUT relatou ainda a edição de Medidas Provisórias que permitiram os acordos e convenções coletivas entre empregados e trabalhadores, sem o aval de sindicatos, com reduções salariais, de jornada e suspensão de contratos de trabalho. A gestão federal frente à pandemia também foi motivo de críticas.

Panelaço e manifestações nas ruas criticam governo Bolsonaro

Cansados da omissão do governo federal frente à pandemia que já matou mais de 470 mil brasileiros, cidadãos de todo o país participaram dos diversos protestos que criticaram a gestão Bolsonaro e pediram o impeachment do presidente por meio de manifestações e panelaços registrados, respectivamente, no domingo (29) e na quarta-feira (2). Os atos do fim de semana passado foram os maiores registrados desde o início do atual governo. Em São Paulo, por exemplo, 80 mil manifestantes tomaram a Avenida Paulista para protestar.

Três dias depois, na quarta, quando Bolsonaro usava seu pronunciamento em rádios e TVs para se colocar a favor da imunização coletiva, mais barulho foi ouvido nas janelas de diversas cidades brasileiras onde ocorreram panelaços. Em resposta ao clamor das ruas, o presidente afirmou, em meio às batucadas, que “todos os brasileiros que assim o desejarem, serão vacinados”. No entanto, até o momento, apenas cerca de 11% da população (em torno de 23 milhões de pessoas) recebeu as duas doses que asseguram a imunização completa.

Análises

Ação de “Revisão da vida toda” é pautada para julgamento no STF

Por escritório LBS Advogados

Em novembro de 1999, por causa de uma mudança de regra do INSS, aposentados que começaram a trabalhar antes da nova regra tiveram as contribuições anteriores a junho de 1994 descartadas do cálculo do salário. Nesse processo, muitos aposentados saíram prejudicados, com diferenças negativas em seus benefícios. Acontece que há um princípio do Direito do Trabalho que diz que quando há duas leis diferentes, deve-se aplicar a que for mais benéfica para o trabalhador ou a trabalhadora. A ação de “Revisão da vida toda”, como ficou conhecido o processo, chegou no STF e será julgada até o dia 11 de junho. Continue lendo.

Antes de sair…

Eventos

  • Hoje, às 14h, o webinar “Exclusão digital: abordagens recentes” discute o tema à luz das situações de desigualdade escancaradas pela pandemia.
  • Amanhã, 9/6, às 19h, tem a terceira edição do “Acesso Pleno à Justiça”, debate focado no Centro-Oeste. Na quinta, dia 10/6, no mesmo horário, a conversa se volta à região Sudeste. A vez do Sul é na segunda que vem, 14/6.
  • Na segunda que vem, 14/6, às 19h, o tema “Alienação parental” é o foco de debate da série de encontros “Temas controvertidos na doutrina e jurisprudência”, promovida pela OAB.

Dicas culturais

  • Literatura: hoje, 8/6, às 19h, com uma live pelo Facebook, o escritor Márcio Grings lança “Quando o Som Bate no Peito”, uma coletânea de resenhas sobre apresentações que presenciou nos últimos 23 anos, com 34 relatos cobrindo performances internacionais de nomes como Bob Dylan, Paul McCartney, Rolling Stones, entre outros.
  • Podcast: com episódios mensais, o podcast Geração 7×1 trata sobre futebol, mas dá atenção particular à conexão entre o esporte e pautas sociais, como violência, racismo, machismo e homofobia.
  • Lives: sexta, 11/6, tem Simone e Simaria, e domingo é dia de Orquestra Sinfônica Heliópolis. Veja a agenda da semana.

Pesquisadora da UFPR cria sistema para cegos identificarem cores de forma simples

Para quem enxerga, pode não ser um problema, mas já pensou combinar roupas ou escolher quais peças lavar juntas sem saber de quais cores elas são? Essa dificuldade é enfrentada pelas pessoas cegas, mas pode estar com os dias contados. Isso porque a pesquisadora Sandra Marchi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), criou um sistema tátil em braille, linguagem em relevo utilizada por muitos cegos para se comunicarem por escrito, para identificar as tonalidades.

A solução simples não utiliza os nomes completos, mas símbolos menores para representar cada cor, e pode ser aplicada em peças com o uso de adesivos em relevo. Isso ajudaria, por exemplo, na hora de comprar um produto em uma loja, pois não seria necessário o auxílio de ninguém para que o cego ou cega soubesse de qual cor é aquele objeto.

“Essa autonomia melhora a autoestima e traz qualidade de vida a toda essa população”, afirma Marchi. A engenheira civil Êmeli Menegusso Fernandes concorda com a pesquisadora. Cega há 30 anos devido a complicações causadas pelo lúpus, ela utiliza a solução encontrada por Marchi para escolher suas roupas e até se maquiar sozinha. “Essa autonomia não tem preço. A pior coisa que eu vejo na deficiência que eu encarei é a dependência dos outros, isso é terrível”, comemorou.

 

Produzido em parceria com o Grupo Matinal Jornalismo

Tite não confirma presença na Copa América e presidente da CBF é afastado do cargo após denúncia de assédio

Na semana passada, após anúncio do Governo Federal sobre o Brasil ter aceitado ser sede da Copa América, Tite, técnico da seleção brasileira, não confirmou a presença da seleção no torneio. No dia 4 de junho, após jogo contra o Equador, Casemiro, capitão do time, afirmou que a posição dos jogadores, da comissão técnica e de Tite é “clara” sobre a Copa América.

O Brasil vive um dos piores momentos da pandemia até agora, é recorde de mortes por Covid-19 e ultrapassa a marca dos 470 mil mortos pela doença. Jogadores estão preparando um manifesto sobre a Copa América, de acordo com o Globo Esporte. A intenção é mostrar que a decisão não tem conotação política (subiram a # TiteComunista por conta do posicionamento).

Além da crise na seleção, o presidente da CBF, agora afastado do cargo, Rogério Caboclo, está sendo acusado de assédio e áudios mostram as investidas do mesmo dirigidas à funcionária. No domingo (6), a Comissão Ética da CBF afastou Cabolo. Antônio Carlos Nunes assumiu o cargo interinamente.

Fontes: Fantástico, G1, Globo Esporte, Correio Braziliense

Pandemia volta a se agravar em meio à CPI que investiga omissões do governo federal

Enquanto senadores seguem ouvindo os depoentes na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a gestão do governo federal frente à pandemia, a tendência é de aumento de casos e, consequentemente, ocupação em UTIs e mortes nas próximas semanas, segundo boletim da última quinta-feira (27) pelo Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com o aumento da taxa de novas infecções ocorrido na semana que se encerrou no dia 22 de maio, espera-se que um crescimento no número de óbitos sejam registrados em até duas semanas. Com isso, após um período de relativa melhora nos índices, o Brasil pode voltar a registrar média de 2,2 mil mortes diárias. Até ontem (31/5), a média móvel estava em 1.844.

As armas que a maior parte da população tem para evitar o contágio são as máscaras, o distanciamento social e o álcool em gel. Isso porque a vacinação é a única solução a longo prazo para a crise sanitária e econômica na qual estamos metidos até o pescoço – beirando os 15% em uma taxa recorde de desemprego. E a imunização segue em passos lentos, graças, entre outras contribuições, às investidas da família Bolsonaro contra a China.

O médico e diretor do Instituto Butantan de São Paulo, Dimas Covas, confirmou em depoimento à CPI da Covid que os tropeços diplomáticos causados pelo clã do presidente, que mais de uma vez acusou a China de criar deliberadamente o coronavírus, fizeram com o que o país asiático demorasse o dobro do tempo para enviar os insumos essenciais à produção da CoronaVac. “Isso se reflete nas dificuldades burocráticas [para a obtenção de insumos para a vacina]. Eram resolvidas em 15 dias. Agora, mais de mês”, explicou. Segundo ele, das 12 milhões de doses previstas para serem entregues em maio, somente 5 milhões puderam chegar aos braços dos brasileiros. “O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a vacinar”, completou, afirmando que 5 milhões de doses da CoronaVac estavam prontas em dezembro de 2020 e o país poderia ter aplicado doses antes mesmo do Reino Unido, que começou em 8 de dezembro.

As palavras de Covas não causam surpresa àqueles que, no dia anterior, acompanharam o depoimento da Secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, na mesma Comissão. Em meio à impressionante série de pelo menos 11 mentiras que a “capitã Cloroquina”, como é mais conhecida, contou aos parlamentares, estiveram pérolas como a comparação da logo da Fiocruz a um pênis. A lista inclui questões relacionadas ao chamado tratamento precoce, cloroquina e hidroxicloroquina, estudos na área de infectologia, o app TrateCov, isolamento social e o comando do Ministério da Saúde, entre outros. Pinheiro ainda acusou o jornalista Rodrigo Menegat de “hackear” o sistema do TrateCov, quando, na verdade, ele analisou o código fonte do portal, que é público, atividade comum entre jornalistas de dados. Leia mais sobre o depoimento da “capitã Cloroquina” no site da Lado.

Manifestações

No domingo passado (23/5) , Bolsonaro fez desfile para seus apoiadores no Rio de Janeiro, com direito à luxuosa participação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Conforme informamos na última newsletter, Pazuello também desfiou um rosário de mentiras em frente aos senadores participantes da CPI da Covid. A passeata reuniu motociclistas, pedestres e carros, a maioria sem respeitar os protocolos básicos para evitar o contágio pela Covid – marca registrada dos eventos dos quais o presidente participa. Tudo como manda o figurino dos apoiadores do atual (des)governo.

Neste sábado (29/5), foi a vez da passeata contra Bolsonaro e pedindo por agilidade na vacinação no Brasil. Ao contrário da semana anterior, as manifestações registraram pessoas com máscara e mantendo certa distância, com organizadores distribuindo álcool gel, entre outras medidas. Foram registradas passeatas em mais de 180 cidades no país e no exterior.

Você precisa saber

Empresa de Fortaleza é condenada a indenizar funcionária demitida em “paredão”

As empresas Somos Case Gestão de Timeshare e Multipropriedade e MVC Férias e Empreendimentos Turísticos e Hotelaria, de Fortaleza (CE), foram condenadas pela Justiça a pagar uma indenização de 14 mil reais a uma funcionária demitida após uma espécie de “paredão de eliminação”. Os funcionários foram obrigados a indicar um colega que deveria ser dispensado, imitando a forma como participantes do Big Brother Brasil são mandados embora do programa.

Como a vida não é reality show, o juiz Ney Fraga Filho da 16ª Vara do Trabalho de Fortaleza e determinou o pagamento de danos morais, a anotação da carteira de trabalho, o pagamento de aviso-prévio, 13º salário, férias, horas extras, repouso semanal remunerado, multa e FGTS. Para a “eliminação”, os funcionários foram levados até uma sala e coagidos a votar em um colega de trabalho e dizer o porquê este deveria ser dispensado.

Além da consultora escolhida pela maioria, outro funcionário também foi demitido por se negar a participar da “dinâmica”. “Acredito que vai ser um trauma que eu vou carregar para o resto da minha vida”, disse a consultora.

As empresas negaram o vínculo de emprego da mulher ou que ela tenha prestado qualquer tipo de serviço. O juiz, no entanto, considerou que havia provas documentais e testemunhais suficientes em favor da trabalhadora, que comprovaram a ocorrência do assédio moral. Ainda cabe recurso.

Itália tem primeira atleta transgênero em uma equipe de seleção

Valentina Petrillo é a primeira atleta transgênero do mundo a vestir a camisa de uma seleção, a da Itália. A estreia da velocista, que corre em provas de 100 a 400 metros rasos na categoria feminina, será no Campeonato Europeu de Atletismo Paraolímpico, na Polônia, de 1º a 5 de junho. Ela compete na categoria paraolímpica devido a uma deficiência visual que tem desde a adolescência. Na ocasião, Valentina buscará a classificação para as Paraolimpíadas de Tóquio 2021.

A inclusão de Valentina na seleção italiana somente foi possível depois de mudanças que o Comitê Olímpico Internacional (COI) promoveu em suas regras para a participação de transgêneros em suas competições. Até 2016, era necessário que os atletas se submetessem à cirurgia para a mudança de sexo, o que não é mais necessário.

No entanto, segue valendo a obrigatoriedade de os atletas nascidos biologicamente com o sexo masculino fazerem terapia hormonal para baixar os níveis de testosterona, ainda que tal requisito seja contestado por colocar em risco a saúde das atletas e devido à possibilidade de as substâncias não serem suficientes para as igualarem àquelas que nasceram com o sexo biológico feminino.

A história de vida de Valentina foi transformada no documentário ““5 nanomoli – il sogno olimpico di una donna trans” (5 nanomol – o sonho olímpico de uma mulher trans).

Análises

O agro é pop? Dia 25 de maio – Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rurais

Por Meilliane Pinheiro Vilar Lima, Sandriele Fernandes dos Reis e Gabriela Rocha Gomes, do escritório LBS Advogados

Na semana passada, dia 25/5, foi celebrado o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rurais, data instituída em 1964. Um dos pilares do país é a produção rural, mas as pessoas que labutam na categoria não são valorizadas de acordo. As autoras alertam que a agricultura familiar é a que fornece a maioria dos alimentos consumidos no país, ao passo que o agronegócio exporta sua produção. Enquanto esse último registra lucros, a agricultura familiar sai prejudicada, sofre com o trabalho informal, o enfraquecimento de relações sindicais, e a dificuldade de se aposentar, entre outros fatores. Continue lendo.

Antes de sair…

Eventos

  • Hoje, 1º/6, às 14h, o webinar “Dilma Rousseff e a representação feminina na política brasileira” discute os resultados de pesquisa sobre o empoderamento político das mulheres no Brasil.
  • Amanhã, dia 2/6, às 19h, o programa Arborização Urbana promove a roda de conversa “Árvores e atitudes ambientais”.
  • Na segunda que vem, 7/6, às 14h, os organizadores do projeto “Enciclopédia negra: Biografias afro-brasileiras” participam de debate sobre a memória silenciada das pessoas negras no Brasil. É preciso se inscrever.
  • E também na próxima segunda se inicia a V Conferência de Direito Ambiental, com o tema “Os desafios e responsabilidades da advocacia ambiental na preservação, sustentabilidade e soberania dos biomas brasileiros”. É preciso se inscrever.

Dicas culturais

  • Teatro: entre hoje e dia 3/6, o espetáculo “Goela abaixo ou Por que tu não bebes?” será exibido às 18h, 20h e 22h. A comédia integra a programação do Porto Verão Alegre e terá tradução em libras nas sessões. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site do festival.
  • Música: na próxima segunda, 7/6, às 19h, o Elias Barboza Quinteto faz um “show luminoso” online. A transmissão acontece ao vivo no Canal da Fundarte no YouTube e página do Facebook. É de graça.
  • Literatura: foi lançado nesta semana o livro digital “O ABC da História Negra”. Escrito em parceria entre UFRB e Universidade do Hawaii, o e-book está disponível para download de graça.

Astrofotógrafo amador registra Superlua de Sangue surgindo no céu de Brasília

Quem não pôde conferir com os próprios olhos o nascimento da Superlua de Sangue nos céus brasileiros na última semana, tem mais uma chance de conferir o belo espetáculo. As lentes do professor e astrofotógrafo amador Leonardo Caldas registraram o momento que pode ser conferido em uma montagem no estilo timelapse, com 400 fotografias em sequência.

Nos 20 segundos de imagens feitas a partir da Torre de TV da região central de Brasília, é possível ver a lua grande, iluminada e avermelhada pelos céus da capital federal, surgindo por trás do Congresso Nacional.

A ocorrência da Superlua de Sangue foi possível graças à feliz coincidência entre dois fenômenos distintos, que não acontecia há seis anos: a Superlua e a Lua de Sangue. A primeira deve-se à aproximação máxima do satélite em relação à Terra, chamado de perigeu, que o faz parecer 15% maior e 30% mais iluminado do que em outras noites. Já a Lua de Sangue ocorre quando um eclipse deixa a coloração do astro mais avermelhada, devido à penumbra da luz solar que incide sobre ele.

Atos em mais de 200 cidades pedem “Fora Bolsonaro” e vacinação em massa

Em todo o país, manifestantes saíram às ruas no dia 29 de maio para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e exigir vacinação em massa. Foi o maior protesto contra o presidente durante a pandemia.

Em São Paulo, estima-se que cerca de 80 mil pessoas estavam na Avenida Paulista para protestar. Também houveram manifestações contra o governo Bolsonaro em 14 países. Além da massificação nas ruas, nas redes sociais só se falava disso no sábado. Veículos da imprensa do mundo todo reportaram os atos, porém, alguns jornais brasileiros não deram destaque às manifestações.

As manifestações do #29M foram unificadas, com partidos de esquerda, sindicatos, entidades estudantis, movimentos sociais e de trabalhadores. Durante todos os protestos era notada a responsabilidade com o distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel. Manifestantes em todas as cidades distribuíram máscara PFF2 e higienizantes.

Fontes: Brasil de Fato, Carta Capital, Folha de S. Paulo

Foto: Mídia Ninja

‘Capitã Cloroquina’ mente e diz que não seguiu OMS porque não é obrigatório

Mayra Pinheiro, Secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, prestou depoimento ontem (25) na CPI da Covid. De acordo com checagem, Mayra, conhecida também por ‘Capitã Cloroquina’, mentiu, pelo menos, 11 vezes.

De acordo com a checagem organizada pelo relator Renan Calheiros (MDB), Mayra mentiu sobre tratamento precoce, cloroquina e hidroxicloroquina, estudos na área de infectologia, TrateCov, isolamento social, comando do Ministério da Saúde e outros.

Alessandro Vieira (Cidadania), senador presente na CPI, Mayra ignora fatos e “repete as técnicas básicas de desinformação” assim como o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Mayra ainda acusou o jornalista Rodrigo Menegat de “hackear” o sistema do TrateCov, quando, na verdade, ele analisou o código fonte do portal (o portal é público), o que é comum entre jornalistas de dados.

Além disso, Mayra Pinheiro também afirmou que não seguiu as recomendações da Organização Mundial da Saúde por ser apenas isso, recomendações, então, nenhum governo é obrigado a fazer. Diversas vezes ela afirmou que estava respondendo as perguntas como médica e não como gestora pública. Alguns senadores como Otto Alencar (PSD), Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade) e Rogério Carvalho (PT) apontaram vídeos e áudios com contradições da secretária.

Fontes: Brasil de Fato, Brasil 247, Carta Capital

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil