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ADI que questiona teto para indenizações trabalhistas volta ao Supremo

 

Entre os diversos ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras que a Reforma Trabalhista de 2017 trouxe está a fixação de um teto para concessão de indenizações por danos morais, com a desculpa de que juízes decidiam o montante das indenizações a bel prazer e que existiam “máfias” de danos morais. Nesta quarta-feira (20) o assunto volta à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Supremo julgará a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5870, ajuizada pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), que questiona os artigos 223-A a 223-G da Consolidação das Leis Trabalhista (CLT). O texto limita as cifras das indenizações pedidas por trabalhadores por danos morais entre três e cinquenta vezes o último salário do ofendido, a depender da natureza da ofensa.

Para a Anamatra, a legislação não pode limitar o trabalho dos juízes, impedindo o Poder Judiciário de estabelecer um montante justo que repare o dano causado ao trabalhador. “A restrição ao ofício judicante viola a independência dos juízes para julgar as causas e aplicar a lei de acordo com o texto constitucional e com suas convicções”, defende. Ainda segundo a entidade, ao fixar o teto indenizatório com base no salário do ofendido, viola-se o princípio constitucional da isonomia, pois a indenização decorrente de um mesmo ato seria diferente caso a vítima fosse um servente ou um diretor da mesma empresa.

Pautas trabalhistas

Também nesta quarta-feira (20) está prevista a continuação do julgamento da ADI 5766, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), contra a alteração nas regras de gratuidade da justiça dos trabalhadores que comprovem insuficiência de recursos. A Ação pede que seja declarado inconstitucional o artigo 790-B da CLT (caput e parágrafo 4º), que responsabiliza a parte vencida pelo pagamento de honorários periciais, ainda que a parte vencida seja beneficiária da justiça gratuita.

Na prática, isso desestimula trabalhadores e trabalhadoras a ingressarem na Justiça contra seus empregadores por medo de ter de arcar com os custos caso percam a ação. Até o momento, a ADI tem dois votos contrários dos ministros Luiz Fux e Luis Barroso, para quem a regulação do direito à justiça gratuita ajudaria a frear a litigância abusiva; e um favorável, do ministro Edson Fachin, que defende que as restrições afetam um direito fundamental de acesso à Justiça e aos direitos sociais dos trabalhadores.

Você precisa saber

Acúmulo de tarefas faz mulheres sofrerem mais de Síndrome de Burnout do que homens

Um estudo feito pela plataforma de busca de emprego LinkedIn com cerca de 5 mil estadunidenses revelou o que muitas mulheres já estão literalmente cansadas de saber: o acúmulo de tarefas com trabalho e demandas domésticas fez com que 74% das entrevistadas relatassem se sentir muito ou razoavelmente estressadas, enquanto 61% dos homens disseram o mesmo.

Se elas forem mães e trabalharem fora ao mesmo tempo, têm 23% de chance a mais de sofrerem de Síndrome de Burnout – distúrbio emocional causado por excesso de trabalho – do que homens na mesma situação. A estrutura social e o machismo afetam diretamente o processo, alertam especialistas.

Funcionários da JBS protestam contra ritmo de trabalho “desumano” na empresa

Cansados de trabalharem dobrado desde que 500 trabalhadores indígenas foram afastados por serem grupo de risco e outros 200 colegas estarem fora do trabalho por problemas de saúde, cerca de 500 funcionários da JBS cruzaram os braços por cerca de 40 minutos na unidade da empresa em Sidrolândia (MS). Mesmo após terem reclamado das condições de trabalho, a empresa não tomou providências e a paralisação foi a saída encontrada pelos empregados para serem ouvidos.

Considerada a maior companhia de proteína animal do mundo, com lucro de líquido de 4,4 bilhões de reais somente no segundo semestre deste ano, a JBS aceitou negociar a volta ao trabalho depois do episódio e, por meio dos gerentes de produção e recursos humanos da unidade, chamou cinco trabalhadores e dois diretores sindicais para conversar.

Análises

Os Fins da Justiça do Trabalho

Por Nasser Ahmad Allan, Eduardo Surian Matias e Antônio Vicente Martins, da Rede Lado

Publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o artigo debate a finalidade da Justiça Trabalhista, que comemorou 80 anos de criação em maio deste ano. Surgida num período em que o Estado e a Igreja Católica pretendiam conciliar as classes sociais, os autores fazem um levantamento histórico e crítico para provocar o debate e a reflexão sobre o atual momento de desmonte de direitos conquistado ao longo das últimas oito décadas pelos trabalhadores e trabalhadoras, com alterações na legislação, em especial na CLT. Continue lendo

Antes de sair…

Eventos

  • Começou ontem e vai até o dia 22/10 o webinar 4th Seminar Brazil-China Dialogue – Belt and Road & Brazil: Rules and Coordination com participação de especialistas do Brasil e da China.
  • A modulação de efeitos sob a ótica das últimas decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em matéria tributária é tema de webinar que ocorre amanhã, 20/10, às 10h, com transmissão online.
  • A (Re)organização da carreira jurídica será tema do II Congresso Nacional de Coaching Jurídico, de 20 a 22/10.
  • Dia 22/10, às 9h, tem o encontro internacional “Justiça de transição: Cicatrizes de um passado presente” com transmissão pelo YouTube.

Dicas culturais

  • Cinema: estreia em novembro o longa-metragem “Marighella”, que traz no elenco Seu Jorge interpretando o guerrilheiro Carlos Marighella em seus últimos anos de vida.
  • Teatro: até 31/10 é possível assistir online ao espetáculo “Manual para Náufragos”, do coletivo Cena Expandida, de Porto Alegre (RS), no Festival de Teatro Virtual da Funarte.
  • Teatro 2: até 24/10 está disponível a versão online do espetáculo “Boquinha… E assim surgiu o mundo”, escrita por Lázaro Ramos.
  • Quadrinhos: segue até o fim do mês a exposição virtual e grátis “Banca de quadrinistas”, com trabalhos de 20 artistas.

Garoto de 6 anos se recusa a tirar máscara para fotografia e recebe 180 mil reais pela atitude

O filho que toda mamãe gostaria de ter, o pequeno Mason Peoples, de apenas 6 anos, foi literal ao obedecer o pedido que sua genitora fez antes de ele ir para a escola: tirar a máscara apenas para comer e quando não tivesse ninguém por perto. Nem mesmo no momento de tirar a foto para a escola onde estuda, na Virgínia (EUA), o garoto deixou de atender à recomendação.

“Estou tão orgulhosa por ele ter cumprido sua palavra, mas eu deveria ter sido mais clara sobre as regras desse dia [da foto]”, brincou a mãe ao postar a imagem do garotinho em sua página nas redes sociais. A imagem correu o mundo e viralizou em poucos dias.

Agora, Mason virou uma referência infantil no cumprimento aos protocolos de prevenção à Covid-19. Por isso, diversas pessoas escreveram para a mãe dele pedindo se poderiam recompensá-lo pela boa conduta. Ela criou, então, uma vaquinha on-line que já havia arrecadado mais de 33 mil dólares (cerca de 180 mil reais) até o último dia 3 de outubro. O dinheiro deve ser usado para pagar a faculdade do menino no futuro.

STF volta a julgar a gratuidade do acesso à Justiça do Trabalho nesta semana

Na última quinta-feira (14), o Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a analisar uma ação em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) questiona mudanças feitas na Reforma Trabalhista de 2017 sobre a gratuidade da Justiça para trabalhadores que comprovem insuficiência financeira. 

De acordo com as novas regras da reforma, mesmo o trabalhador que comprove incapacidade financeira terá que arcar com honorários de advogados e peritos caso perca a ação trabalhista. A lei prevê que valores podem ser bloqueados de outros processos e que, se faltar à audiência, o trabalhador também terá que arcar com os valores. 

Em 2018, o relator Luís Roberto Barroso votou a favor de manter a regra da reforma, afirmando que não existe desproporcionalidade e que a norma tem por objetivo restringir as judicializações excessivas das relações de trabalho.  

De acordo com o voto de Barroso, a cobrança não pode recair sobre verbas alimentares e nem exceder 30% do teto da previdência em casos de verbas remuneratórias.  

O ministro Luís Fux, que havia pedido vista, devolveu o processo à pauta e votou pela regularidade da lei. De acordo com o ministro, “houve uma redução sensível nos processos de feitos do trabalho”, desde que a regra começou em 2017.

Edson Fachin votou contra, sob o entendimento de que a norma fere o direito fundamental de acesso à Justiça. A previsão é que o julgamento continue ainda esta semana.  

Breque dos Apps: trabalhadores entrar em greve por melhores condições de trabalho

Trabalhadores de plataformas como iFood, Uber Eats e Rappi estão em greve em cidades do Estado de São Paulo; como Jundiaí, São José dos Campos, Paulínia e outras, reivindicando melhorias no trabalho, pedindo apoio em acidentes, fim de bloqueios indevidos, reajuste no valor das entregas e fim da coleta dupla (entregador recebe um valor por entregar dois pedidos). 

A paralisação começou no dia 8 de outubro e, de acordo com os entregadores, não terá dia para acabar enquanto os aplicativos não responderem às demandas. Os trabalhadores questionam o baixo valor da taxa mínima por corrida, que é R$ 5,31 no iFood. Em cidades como Jundiaí, o litro da gasolina ultrapassa os R$ 6. 

Em consequência da paralisação em São José dos Campos, o iFood e os trabalhadores paralisados se reuniram de forma inédita no dia 8 de outubro. A empresa se comprometeu a anunciar novas medidas. Em comunicado, o iFood afirmou que irá criar um “fundo combustível” de R$ 8 milhões, mas não detalhou como o valor será distribuído. Ademais, o fundo terá duração de dois meses, novembro e dezembro deste ano. Também anunciou um reajuste de 8% no quilômetro das rotas para quem usa moto.  

No cálculo, 8% equivale a 0,42 centavos a mais na taxa mínima para o entregador. Até agosto de 2021, o valor da gasolina aumentou 28%. Neste mês de outubro, houve um reajuste de 7,2% de aumento anunciado pela Petrobras.  

 

Trabalhadores cruzam os braços por 40 minutos contra ritmo “desumano” na JBS

Cerca de 500 trabalhadores da JBS – Seara em Sidrolândia (MS) cruzaram os braços por cerca de 40 minutos na quarta-feira (06) em protesto ao aumento do ritmo de produção. O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Aves da Sidrolândia (Sindaves), Sérgio Bolzan, relatou que os trabalhadores estavam reclamando há dias, mas a gerência não tomou providências, então “os trabalhadores largaram o trabalho, saíram da sala de corte e vieram ao saguão”, afirma. 

Após a paralisação, o gerente de produção e o gerente de recursos humanos da unidade chamaram cinco trabalhadores e dois diretores sindicais para negociarem a volta ao trabalho.  

A JBS é a maior companhia de proteína animal do mundo e registrou no segundo semestre deste ano um lucro de líquido de R$ 4,4 bilhões, 29,7% a mais do que no mesmo período em 2021, o maior lucro trimestral da história empresa. 

O frango abatido e desossado no frigorífico de Sidrolândia é exportado para o Japão, União Europeia e China. Durante a pandemia, mais de 500 indígenas que trabalhavam na JBS foram afastados por serem grupo de risco, mas o ritmo de produção não diminuiu. A unidade de Sidrolândia tem cerca de 1700 empregados, 200 trabalhadores estão afastados pelo INSS – cerca de 1 a cada 10, de acordo com o Sindaves. A maioria por conta de lesões por esforço repetitivo.  

Foto: MPT 

Reforma trabalhista não gerou o número de empregos prometidos após 4 anos de vigência

Aprovada em 2017 pelo governo Michel Temer, a reforma trabalhista prometia o crescimento de 2 milhões de empregos em 2 anos e cerca de 6 milhões de empregos em 10 anos. De acordo com os novos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geogradia e Estatística), a taxa atual de desemprego no Brasil é de 14,1% no Brasil, cerca de 14,4 milhões de pessoas. Este número é quase 2 pontos percentuais acima do índice a época da aprovação da reforma, de 11,8% de desemprego.  

Jair Bolsonaro (sem partido) tentou uma nova minirreforma trabalhista com a Medida Provisória 1.045, que foi barrada pela Câmara. Especialistas já afirmavam que a flexibilização das leis trabalhistas não faria com que surgissem novos empregos. Além disso, a reforma de 2017 também tinha promessas de diminuir a informalidade, o que também não ocorreu, já que a taxa de informalidade é de 40,8% em 2021. 

Apenas em um trimestre de 2021, mais de 2 milhões de pessoas passaram a trabalhar na informalidade, de acordo com o IBGE.  

 

Queda nas plataformas como WhatsApp pode gerar processos na Justiça

Na última segunda-feira (04), durante quase todo o dia o WhatsApp, Instagram e Facebook ficaram fora do ar por conta de uma falha técnica confirmada pelo conglomerado. As redes sociais são, também, ferramenta de trabalho para boa parte da população e podem gerar prejuízos financeiros aos usuários. 

Dependendo da justificativa do Facebook (que controla as outras três redes também), será possível demandar em juízo indenização por prejuízos materiais causados pela falha na prestação de serviços durante a queda das plataformas.  

A pandemia estreitou o uso das redes sociais para negócios, vendas e comércio. A pane em escala global causou prejuízo não só para quem faz uso das redes para tal sim, mas também para o próprio Facebook, que perdeu cerca de 38,1 bilhões de reais durante o pregão de ações da segunda-feira durante o apagão.  

Quem faz uso das redes sociais para trabalho e se sentiu prejudicado poderá entrar na Justiça de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, pois houve falha na prestação de serviço das plataformas e a empresa poderá ser condenada a indenizar os prejuízos causados.  

Fonte: Migalhas, Direito News