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Para homem ler

Para homem ler

Todo homem, em algum momento da vida, já ouviu:

“Isso aqui não é coisa de homem, deixa comigo!”

“Saindo sozinho? Terminou o namoro?”

“Deve ser aquele período do mês ou brigou com a esposa”

“Como assim você não quer casar? Nunca?”

 

No âmbito profissional não é diferente, que homem nunca ouviu:

“Que carinha de jovem! Você é estagiário?”

“Se trabalhasse sorrindo ficaria mais bonito!”

“Você está falando muito alto, parece um maluco”

“O atendimento não era com aquela outra advogada, querido?”

“Quantos anos você tem mesmo?”

“Ainda bem que é bonito!”

 

E não para por aí! Que homem nunca parou para tomar uma com os amigos e ouviu:

“Estou exausto!”

“É ‘pai’ pra lá, ‘pai’ pra cá, tudo eu”

“Ainda bem que ela não veio, só fica me encarando”

“Não me sinto bem nesse lugar”

 

Soou estranho? Deveria sempre soar.

O machismo e a realidade

O machismo e a realidade

 

“Isso não é machismo, isso é a realidade”. Eu gostaria de ter fantasiado essa frase, mas, infelizmente, ela é um bordão utilizado por certo influenciador digital para justificar suas falas misóginas, alegando que elas não podem ser consideradas machistas, porque são mera descrição da realidade. O influenciador se apresenta como representante do “movimento red pill”. Eu também gostaria de ter fantasiado esse movimento, mas, infelizmente, ele existe. Segundo seus adeptos, é um movimento de homens que diz estar descobrindo que as mulheres são favorecidas e eles são prejudicados.

Esse influenciador, autor de pérolas como dizer que uma das razões da infelicidade das mulheres é que elas não querem servir aos homens, foi recentemente ironizado por uma atriz que postou nas suas redes sociais uma sátira de joias como essa. A resposta do influenciador foi, ao mesmo tempo, chocante e óbvia. Ele enviou mensagem pessoal à atriz: “Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso é processo ou bala”.

Essa mensagem configura, em tese, crime de ameaça e esse crime tem que ser apurado e, se comprovada sua ocorrência, punido—a despeito da tragicômica tentativa do influenciador de se justificar, em vídeo que publicou nas suas redes sociais, alegando que ao usar a palavra “bala”, ele não queria dizer bala de revólver, ele quis dizer, na verdade, “mete bala”, “mete marcha”, no sentido de “vamos resolver essa questão”.

De todo modo, o que essa história mostra bem está simbolizada no bordão do influenciador: “isso não é machismo, isso é a realidade”.

Esse bordão é só mais uma frase violenta contra as mulheres. Afinal, não basta a fala machista, é preciso também negar o machismo, recorrendo a uma suposta ordem universal, à natureza humana, ao Big Bang.

Essa frase é, também, uma afronta à inteligência de quem – por vontade, acidente ou punição cármica – assiste algum desses vídeos. É que não há diferença entre o machismo e a realidade.

Pesquisa realizada pela Datafolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública levantou que, no último ano,18,6 milhões de mulheres brasileiras sofreram algum tipo de agressão física ou verbal. 3,5 milhões foram vítimas de espancamento ou de tentativas de estrangulamento. 3,3, milhões foram ameaçadas com facas ou armas de fogo.  Essas agressões e ameaças são reais, os danos físicos e psíquicos a essas mulheres são reais, os corpos violentados, as feridas, os hematomas são reais. O machismo está na realidade, é realidade.

Porém, apesar de o machismo não ter mudado, e continuar sendo realidade, as mulheres mudaram e, com elas, a realidade também mudou. Muitos crimes que não eram denunciados, agora são. Muitas condutas que antes eram normalizadas não são mais aceitas pacificamente pelas mulheres e algumas dessas condutas agora são crime. Por exemplo, a violência psicológica contra a mulher foi recentemente tipificada como crime em pela Lei nº 14.188/2021. Muitas mulheres que ficariam caladas depois de uma agressão estão tendo a coragem e os meios para contar suas histórias.

Mas, se é verdade que a realidade mudou, é verdade também que ela precisa mudar muito mais. De acordo com a mesma pesquisa realizada pela Datafolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 45% das mulheres que sofreram algum tipo de agressão, não fizeram nada após o evento, só 14% procurou uma delegacia especializada em atendimento à mulher e só 8% procuraram delegacias comuns. O machismo é uma realidade ainda muito oculta, porque o custo para as mulheres de denunciar seus agressores segue sendo muito alto. Elas têm dificuldade em ser ouvidas, seu relato é posto em dúvida, os processos judiciais para apurar e punir as agressões são demorados e muitas vezes ineficazes. Elas temem pela própria segurança e convivem com o risco de a denúncia ou outras medidas legais provoquem uma reação ainda mais violenta do agressor.

Tudo isso é machismo, tudo isso é a realidade. É preciso lembrar aos influenciadores que incitam os homens a se tornarem mais tóxicos, mais violentos e a sentirem raiva das mulheres que as ideias e as palavras não são inofensivas, nem se esgotam na mera abstração. Elas produzem realidade, e a realidade são mulheres ameaçadas, espancadas e, muitas vezes, mortas, por homens que entendem que as mulheres devem servi-los e que, quando contrariados, querem impor pela força a servidão. São ameaçadas, espancadas e mortas pelo machismo. Que é realidade.

Por isso, esse discurso tem que ser criticado, ridicularizado, combatido. Com inteligência, com humor, com protesto.

E o crime de ameaça, em tese praticado pelo influenciador? Bom, esse está tipificado no artigo 147 do Código Penal desde 1940. O que mudou é que as mulheres já não recebem ameaças em silêncio. Essa é a realidade.

Seminário Os Fins da Justiça do Trabalho

Seminário Os Fins da Justiça do Trabalho

Somos a Rede Lado. Uma rede de pessoas da advocacia trabalhista que acredita e fortalece laços horizontais, democráticos, inovadores e com uma visão de sociedade mais igualitária, democrática e fraterna. 

Estamos construindo e pavimentando em conjunto novas reflexões sobre o Direito do Trabalho com integrantes que  acreditam em laços horizontais, democráticos, inovadores e com uma visão de sociedade mais igualitária, democrática e fraterna.  

Em razão do nosso compromisso social, a Rede Lado e pessoas envolvidas e comprometidas com o futuro do Direito do Trabalho se reunirão pela primeira vez em formato presencial para discutirem “Os Fins da Justiça do Trabalho”, o futuro do Direito Trabalhista e as utopias de um novo tempo. 

O nosso encontro já tem data marcada e será nos dia 25 e 26 de agosto, quinta e sexta-feira, no hotel Quality Paulista, na cidade de São Paulo.  

Das 10h às 17h em ambos os dias.  

A Rede Lado quer promover ainda mais encontros e reflexões que possam ajudar na construção coletiva das demandas do Direito Social e do Trabalho. 

Mesas de reflexão:

Mesa 1 – Uma questão social em três atos: do início aos fins da Justiça do Trabalho 

Mesa 2 – Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima: o último que sair, não apague a luz; traga a sua bandeira!  

Mesa 3 – Amanhã vai ser outro dia: da revogação às revoluções construídas coletivamente 

Mesa 4 –  Nenhum Trabalho Sem Direitos: da necessidade das utopias 

Confira alguns nomes de palestrantes do nosso encontro:   

Daniela Floss (juíza TRT-4), João Gabriel Lopes (LADO – UFBA), Renata Dutra (UNB), Gabriela Neves Delgado (UNB), Andréia Galvão (Unicamp), Nasser Ahmad Allan (LADO – GASAM Advogados), José Eymard Loguercio (LADO – LBS Advogados), Mauro Menezes (LADO – Mauro Menezes Advogados).   

 

Por acreditarmos na importância das construções em rede, fazemos este convite especial a você!
Venha construir conosco!  

Clique aqui e faça a sua incrição! 

#2.1 – Conversas de Lado – A virtualização da luta de classes – Desigualdades estruturais: gênero, raça e classe (Profa. Taís Oliveira)

Nesta aula do Seminário Trabalho Digital: a virtualização da luta de classes, a professora Taís Oliveira, mestra e doutoranda em Ciências Humanas pela UFABC, trouxe dados sobre a desigualdade de gênero, raça e classe no trabalho. Além de trazer conceitos sobre afroempreendedorismo e diversidade.

Ouça o trecho da aula! Se gosta dos assuntos que envolvem trabalho, tecnologia e plataformas, siga-nos e confira nossos conteúdos!

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#2- Conversas de Lado – A virtualização da luta de classes – Desigualdades estruturais: gênero, raça e classe (Profa. Eneida Maria dos Santos)

Nesta aula do Seminário Trabalho Digital: a virtualização da luta de classes, a professora e pesquisadora na temática de trabalhadores digitais de transporte e o lugar do negro no mercado de trabalho, também procuradora federal junto a Advocacia Geral da União, Eneida Maria dos Santos traz novos conceitos sobre o perfil de quem realmente são os trabalhadores de plataforma.

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#1 Conversas de Lado – A virtualização da luta de classes – Conceitos: Trabalho Digital, Plataformização e Uberização (Prof. Rafael Grohmman)

Nesta aula do Seminário Trabalho Digital: a virtualização da luta de classes, Rafael Grohmann, sociólogo, professor e pesquisador pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) traz conceitos como o de “Gig Economy”, trabalho digital, plataformização e uberização. Não são tudo a mesma coisa?! Vem conferir!

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